Título: Britânicos acham petróleo nas Malvinas
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 07/05/2010, Internacional, p. A10

A companhia britânica Rockhopper anunciou ontem ter feito a primeira descoberta de petróleo na Bacia Norte das Ilhas Malvinas, em águas da plataforma continental disputadas por Reino Unido e Argentina. Enquanto as ações da petrolífera subiram 140% na Bolsa de Londres, o governo argentino rechaçou "da maneira mais enérgica" a atividade de exploração para "apoderar-se ilegalmente de recursos naturais não renováveis".

Há mais de quatro décadas as Nações Unidas conclamam, sem sucesso, os dois países a negociar uma solução para a posse das Malvinas. A Argentina voltou a colocar o assunto como prioridade em sua agenda diplomática e busca apoio nos fóruns internacionais.

A Rockhopper não fez estimativas sobre a quantidade de petróleo encontrado nem sobre a rentabilidade da eventual produção. A companhia informou, em Londres, que "se focará agora na análise em detalhes das informações reunidas a partir do poço". As petrolíferas Rockhopper, Desire, BHP e Falkland Oil&Gas contrataram conjuntamente a plataforma Ocean Guard para fazer explorações nas ilhas desde o início do ano.

No mês passado, a Desire Petroleum anunciou não ter feito descoberta em quantidade e qualidade suficientes para justificar a produção. Agora, o poço explorado pela Rockhopper na zona de Sea Lion tende a acirrar de novo a disputa diplomática.

Em 1995, o Reino Unido e o governo do ex-presidente argentino Carlos Menem chegaram a um entendimento sobre a divisão de recursos provenientes da exploração de petróleo e minerais nas Malvinas, mas a administração de Néstor Kirchner (2003-2007) anulou o acordo.

Os analistas têm opiniões diferentes sobre o potencial energético da região. As projeções mais otimistas falam da existência de até 4 bilhões de barris ao redor das ilhas. Outros especialistas argumentam que a formação geológica no sul do continente é distinta à da zona que abriga as reservas do pré-sal, do Espírito Santo à Santa Catarina.

A chancelaria argentina, por meio de comunicado divulgado à tarde, reafirmou a decisão de controlar o tráfego marítimo entre as ilhas e o continente. Também reiterou o desejo de aplicar "medidas destinadas a sancionar todas as empresas que se envolvam, de maneira direta ou indireta, na exploração de hidrocarbonetos na zona em disputa".