Título: Aéreas descobrem o Brasil
Autor: Braga, Fernando
Fonte: Correio Braziliense, 03/07/2010, Economia, p. 19

Empresas fogem da crise externa e inauguram rotas no país de olho no aumento da renda e na expansão da América Latina

Ao sair fortalecido da crise econômica que assolou o mundo em 2008, o Brasil se revelou um mercado potencial para as companhias de aviação internacionais. De olho no bom momento da aviação nacional, empresas estrangeiras como a Qatar Airways e a Aegean Airlines debutam no segmento, enquanto a Copa Airlines e a American Airlines reforçam suas posições no mercado verde-e-amarelo, ampliando o número de voos periódicos para o exterior.

Considerada a segunda maior companhia aérea do Oriente Médio, a Qatar Airways deu inicio às operações na América Latina há pouco mais de uma semana. A companhia passou a atuar na região ligando as cidades de Buenos Aires e São Paulo a 40 destinos internacionais como Abu Dhabi, Índia e Barém. Com a inclusão das duas capitais, a América do Sul se tornou a última peça do quebra-cabeça global da companhia, que agora passa a cobrir os seis continentes e oferecer opções para 92 destinos.

A panamense Copa Airlines, que opera regularmente 33 rotas com saídas do Brasil para o exterior, também ampliou a participação no mercado nacional com o início da operação do terceiro voo diário entre São Paulo e a Cidade do Panamá, com conexões para países das Américas Central, do Norte, do Sul e Caribe. ¿O país é, sem dúvida, um mercado com grande potencial e um dos mais estratégicos para a Copa Airlines. A economia do Brasil demonstra pleno vigor e o fluxo de viagens de brasileiros ao exterior segue em alta¿, justificou o gerente geral da empresa, Marcos Calixto.

Compartilhamento Já a American Airlines anunciou que, a partir de novembro, serão oferecidos sete novos voos diários diretos entre Nova York e Rio de Janeiro, além de outros quatro semanais ligando Miami e Brasília. Nesse trecho, a empresa vai operar com aeronaves Boeing 757, que têm capacidade para 182 passageiros. Em outra iniciativa, a grega Aegean Airlines também passou a atuar no país por meio de um acordo de compartilhamento de voo com a TAM. A empresa passou a fazer parte da Star Alliance, rede que integra 28 empresas internacionais e transporta 633 milhões de passageiros por ano. Os clientes da TAM e da Aegean poderão acumular milhas nos programas de fidelidade das respectivas marcas.

¿Ao contrário do que acontece lá fora, o setor da aviação civil nacional está em franca expansão e fatores como crescimento de crédito, controle da inflação e aumento real do poder aquisitivo da população têm feito com que as empresas internacionais olhem o Brasil com bons olhos¿, apontou o analista de mercado aéreo da agência classificadora de risco Austin Rating, Felipe Queiroz.

Enquanto o cenário externo ainda vive um período de incertezas econômicas com as recentes crises que mexeram com o mercado europeu, o país desponta como um porto seguro para as companhias de fora se manterem competitivas em outras regiões. ¿O Brasil é tido como a principal porta de entrada para quem quer começar a operar na América Latina. Se uma empresa tem a intenção de ampliar os negócios em outros países da região, é natural que ela comece por aqui¿, analisou Queiroz.

Segundo o analista, a vocação natural para o turismo tem feito o país listar entre os destinos mais procurados pelos estrangeiros. ¿Quem vem ao Brasil geralmente volta e, com isso, o fluxo de pessoas que partem e chegam do exterior só tende a aumentar. Além disso, se pensarmos a longo prazo, é uma ótima oportunidade para as empresas começarem a operar por aqui, já que a demanda tende a crescer devido aos eventos que virão nos próximos anos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas¿, avaliou.

O número

13,3 milhões Total de passageiros brasileiros que voaram para o exterior em 2009, segundo a Infraero