Título: Tucano tenta convencer Caiado a apoiar Perillo
Autor: Safatle, Claudia
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2010, Política, p. A6

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, reuniu ontem as principais lideranças do PSDB e do DEM de Goiás - partidos que estavam rompidos desde 2005 - durante um dia todo de maratona política na capital, Goiânia, e em uma cidade vizinha, Aparecida de Goiânia. Foi um avanço no entendimento para que as duas legendas, aliadas nacionalmente em torno dele, estejam coligadas na eleição para o governo estadual, fortalecendo o palanque de Serra no Estado. A visita foi organizada pelo senador Marconi Perillo (PSDB), pré-candidato a governador lançado sábado, sem a presença - esperada - de Serra. A ausência do presidenciável na festa de Perillo foi atribuída a dois problemas políticos no Estado: a falta de um acordo entre PSDB e DEM e o fato de Goiás ser o único Estado governado pelo PP, partido cortejado por Serra nacionalmente mas que apoia o candidato do PR a governador, o ex-prefeito do município de Senador Canedo, Wanderlan Cardoso. Ele foi lançado pelo governador Alcides Rodrigues (PP), ex-aliado de Perillo e hoje seu desafeto. Ontem, Serra foi recebido no aeroporto de Goiânia por uma animada comitiva de senadores, deputados e prefeitos do PSDB, do DEM e até do PP e do PTB, legenda que integra a base de Perillo, mas não fez opção por uma das candidaturas presidenciais. "Uma coisa que eu gostaria muito em todos os lugares é que as forças que estão conosco se juntem na eleição local. Agora, não vou fazer nenhuma interferência exagerada nisso. Esse é um desejo e uma vontade. Acho que facilita fazer a campanha, mas vamos respeitar as peculiaridades locais", afirmou Serra. Apesar do discurso, políticos do DEM acreditam que somente a interferência de Serra conseguirá superar a resistência do deputado Ronaldo Caiado, presidente do DEM de Goiás e praticamente isolado na resistência à aliança com Perillo. "Quando é que você vai dar juízo ao Caiado?", perguntou o tucano a Gracinha, mulher do deputado. Os demistas que defendem apoio à candidatura do candidato do PSDB a governador comemoraram a capacidade de Serra reunir à sua volta Caiado, Perillo e os senadores Demóstenes Torres (DEM) - líder nas pesquisas para a reeleição ao Senado e cortejado por Marconi para compor sua chapa, caso a aliança seja feita. Se o martelo ainda não foi batido entre PSDB e DEM, a relação era de aliados. "Aqui em Goiás 90% do DEM quer a aliança com o PSDB na eleição estadual. É uma aliança natural", afirmou o ex-deputado Vilmar Rocha (DEM), pré-candidato a retornar à Câmara dos Deputados e ex-presidente do DEM local. Os dois partidos estiveram juntos em 1998 e 2002, em torno do mesmo Perillo, e venceram as eleições. Em 2006, o DEM decidiu lançar Demóstenes Torres candidato próprio, sem aliança com o PSDB, e a eleição foi perdida. O demista Rocha acredita que Serra poderá vencer a eleição presidencial no Estado com 500 mil votos de vantagem sobre a petista Dilma Rousseff, que é apoiada pelo ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB), também ex-governador, candidato a voltar ao Palácio das Esmeraldas em aliança com o PT. Iris, derrotado por Perillo em 98, aparece nas pesquisas um pouco atrás do tucano - líder nas sondagens -, mas em situação de quase empate. "Goiás nunca foi um Estado petista", diz Vilmar Rocha. Com 2,9% do eleitorado nacional (3,9 milhões), Goiás deu mais votos a Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno das eleições de 2006 do que ao petista Luiz Inácio Lula da Silva. Alckmin teve 1,4 milhões de votos (51%) e Lula, 1,1 milhão (40%). No segundo turno, Lula ficou com 1,4 milhão e Alckmin, com 1,2 milhão, uma inversão registrada em todo o país. Em 2002, Serra teve 709 mil votos no Estado (27,9%) no primeiro turno, sem estar aliado ao DEM, e Lula teve 1 milhão (42%). No segundo turno, Lula recebeu 57% dos votos do eleitorado goiano e Serra, 42%. A presença de Serra também afastou temporariamente outro constrangimento do PSDB no Estado, com a presença constante da senadora Lúcia Vânia (PSDB) a seu lado. A senadora também encerra seu mandato em 2011 e ela ainda não tem vaga garantida na chapa de Perillo. Uma das vagas de senador e a de vice-governador são trunfos para uma eventual negociação com o PTB, principalmente.