Título: PSDB vê erro calamitoso do Banco Central
Autor: Bittencourt, Angela
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2010, Política, p. A5

O Instituto Teotonio Vilela (ITV), centro de estudos do PSDB, publicou artigo ontem em favor das críticas feitas pelo pré-candidato do partido à Presidência da República, José Serra, ao Banco Central. Em entrevista à rádio CBN, na segunda-feira, o pré-candidato tucano disse que o BC errou durante crise global e chegou a ficar irritado com uma pergunta sobre a autonomia do Banco Central.

O informe do ITV, intitulado "Muito barulho para muito juro", faz uma defesa ampla de Serra e diz não haver "novidade alguma no que foi expresso por ele", que "nunca se furtou a apontar os exageros da mais alta taxa de juros do mundo". Segundo o documento do ITV, é um fato que o Brasil tem juros "estratosféricos". Com a última alta decidida pelo BC, de 0,75 ponto percentual, a taxa de real de juros ficou em 4,5% ao ano, o que, na avaliação do ITV, "foi mais um toque de pimenta no que já era um prato indigesto".

A crítica de Serra foi específica a duas decisões do BC após a quebra do banco americano Lehman Brothers, que deu início à crise global. O Copom, na época, apenas deixou de elevar a Selic nas duas reuniões e só veio a cortar nas cinco reuniões posteriores. Na avaliação do ITV, o Brasil foi na contramão dos bancos centrais do mundo, que mesmo antes da quebra do Lehman Brothers passaram a cortar os juros. O ITV chama de "erro calamitoso" o fato do juro brasileiro só ter sido cortado em janeiro de 2009.

"Nesta altura, a crise econômica atingia níveis insuportáveis, asfixiava a economia, paralisava fábricas e levava milhares de trabalhadores ao desemprego: em apenas três meses na virada de um ano para o outro, 800 mil brasileiros tinham sido postos na rua", diz o texto.

Segundo o ITV, as circunstâncias atuais, com as outras economias do mundo em ritmo de baixa, "são de juros negativos ou muito próximos de zero em todo o mundo" e cita que a taxa de juro média global numa lista de 40 países é de 0,6% ao ano, o correspondente a juros reais negativos. Do grupo de 40 países, apenas 13 têm taxas positivas real e em apenas quatro países o juro real é maior do que 2% ao ano: Indonésia, China e Austrália, além do Brasil. "Como se vê, com seus juros reais de 4,5% ao ano o Brasil é um ponto inteiramente fora da curva", diz o texto.