Título: Para Meirelles, qualquer ajuda é bem-vinda
Autor: Oliveira, Ribamar
Fonte: Valor Econômico, 14/05/2010, Brasil, p. A3
do Rio
O mercado financeiro recebeu como bem-vinda a medida de contenção de gastos por parte do governo, necessária para reduzir o forte crescimento econômico registrado no primeiro trimestre do ano. Mas os economistas preferem esperar um pouco para avaliar os impactos efetivos para a desaceleração da demanda doméstica. "Qualquer ajuda é bem-vinda no processo de estabilização da economia brasileira", disse o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em entrevista após abertura do 12º Seminário Anual de Metas para Inflação, na sede do banco, no Rio de Janeiro. A autoridade monetária iniciou em abril um novo período de elevação da taxa básica de juros, a Selic, justamente para combater o processo inflacionário decorrente do aquecimento da atividade econômica. Para o economista-chefe do Santander, Alexandre Schwartzman, também presente ao evento de metas de inflação, é importante que o fardo do ajuste da demanda não recaia apenas sobre o Banco Central. Ele afirmou que o corte de R$ 10 bilhões anunciado pela Fazenda e Planejamento "parece razoável", mas é preciso ponderar que a aceleração da economia é bastante forte. "Tendo a imaginar que seja pouco", disse, ressaltando que precisaria avaliar melhor o pacote antes de fazer uma análise mais detalhada. "No que diz respeito a ser uma redução de gastos em relação ao que nós temos hoje é um fenômeno positivo. Se for uma redução de gastos ao nível que hipoteticamente iria acontecer, aí é menos positivo", ponderou o economista do Santander. O economista-chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn, também afirmou que a medida é bem-vinda, mas é preciso esperar para ver se os cortes de fato representarão redução dos gastos primários. O economista elevou no início da semana sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 7,5% neste ano, mas disse que o pacote não deve alterar para baixo essa previsão. "Já esperávamos uma desaceleração razoável da economia a partir do segundo trimestre." Ilan Goldfajn ressaltou ainda que nas projeções feitas pelo banco já estava implícita uma ajuda de política fiscal para essa desaceleração, visto que, segundo ele, somente a política monetária não seria suficiente para conter a demanda.