Título: BID tenta um acordo para capitalizar a instituição
Autor: Wroughton ,Lesley
Fonte: Valor Econômico, 19/03/2010, Finanças, p. C4

Opresidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), LuisMoreno, pretende alcançar, neste final de semana, um acordo com ospaíses membros do organismo sobre a maneira de capitalizar ainstituição. Por meses, Moreno solicitou mais dinheiro a seus membros,enquanto promove as reformas para tornar o banco mais atuante. Comoconsequência da crise financeira, o BID aprovou um recorde de US$ 15,5bilhões em empréstimos em 2009, mais de um terço que o ano anterior.

Oselevados créditos drenaram seus recursos e obrigaram o banco a recorrera seus acionistas em busca de dinheiro. Essa será a principal discussãoda agenda da assembleia anual do BID, que acontece no balneáriomexicano de Cancún a partir de hoje. A obtenção de recursos para obanco tem sido difícil em função dos problemas enfrentados pelos paísesricos, cujas economias foram sacudidas pela crise. Outras entidadesfinanceiras de desenvolvimento, como o Banco Mundial (Bird) e o Bancode Desenvolvimento Africano, também estão buscando dinheiro entre seuspaíses membros. "Este não é exatamente o melhor momento para procuraros nossos acionistas, pois todos estão enfrentando pressões fiscais eainda por cima todas as instituições estão pedindo aumento de capitalao mesmo tempo", afirmou Moreno em uma entrevista à Reuters.

Opresidente do BID, porém, tem esperança de que a reunião de Cancúnassegure "ao menor um resultado sobre os princípios" para conseguirmais dinheiro. Enquanto um grupo independente recomendou, no anopassado, um incremento de capital do BID entre US$ 74 bilhões e US$ 178bilhões, o mais provável é que se consiga algo entre US$ 60 bilhões eUS$ 100 bilhões, segundo uma fonte do banco. Em 2010, o BID esperaaprovar cerca de US$ 8 bilhões em empréstimos, menos que o recorde doano passado. Para se ter uma ideia desse valor, entre 2000 e 2004 osdesembolsos anuais do BID aos países foram, na média, de US$ 5,15bilhões. Entre 2005 e 2009, subiram para a média de US$ 7,560 bilhões.

Sem um aumento de capital, o BID necessitaria reduzir o crédito a cercade US$ 5,5 bilhões este ano, com um nível máximo de aprovação de US$ 7bilhões, disse Moreno. Ele destacou que, antes da crise financeira, ospaíses estavam pedindo mais para enfrentar os efeitos da crisealimentícia mundial.

Morenoestá consciente de que a demanda por créditos provavelmente seguiráalta diante das incertezas em relação ao ritmo de recuperação dospaíses industrializados, como os Estados Unidos. "Também sabemos que2010 será um ano de recuperação", disse. "Portanto, a pergunta real(...) é como vão estar as coisas de 2011 em diante."

Osdesafios do desenvolvimento, associados às mudanças climáticas, ainjustiça social e econômica e a necessidade de melhores rodovias eferrovias, também devem elevar a demanda por crédito do BID. Osrecentes terremotos que devastaram o Haiti e produziram sérios danos noChile também vão exigir grande volume de recursos.

Moreno disse que a crise econômica afetou os países do continente demaneira distinta, e os mais próximos dos EUA, como o México e nações doCaribe, foram mais prejudicados com o colapso do comércio e turismo. Osgrandes exportadores de matérias-primas, como o Brasil e o Peru, serecuperaram mais rápido devido, provavelmente, à sólida demanda da Ásia.