Título: Fazenda estuda ampliar meta de superávit
Autor: Travaglini, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2010, Brasil, p. A3

de Brasília

A equipe econômica começa a avaliar a possibilidade de o setor público realizar neste ano uma meta de superávit primário superior a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa possibilidade foi sinalizada ontem, embora com muita cautela, pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin, que, ao dizer que é "possível", frisou, na sequência, "ser ainda cedo" para o governo analisar e optar por uma economia fiscal mais rigorosa. Com um programa de corte de R$ 31,8 bilhões em curso e com a arrecadação tributária em níveis elevados, o governo tem de conter as despesas públicas, ao mesmo tempo em que ocorre um reforço de caixa como reflexo do maior ritmo de expansão da economia. Indagado sobre o que fazer com a sobra de recursos, Augustin disse que a prioridade do momento é assegurar o cumprimento integral da meta de superávit. "Tinha muita gente que sequer dizia que cumpriríamos os 3,3% do PIB", salientou. Ao ressaltar ser ainda prematuro para se discutir uma economia adicional, Augustin mencionou que outro destino para a sobra seria o Fundo Soberano, cujas receitas somam aproximadamente R$ 17 bilhões. Ainda assim, ele reforçou que esse será um assunto a ser definido posteriormente. Ele afirmou que a meta quadrimestral de superávit primário do governo central de R$ 18 bilhões será cumprida com folga. O número será divulgado na próxima semana, quando o Tesouro apresentará o balanço das contas referente de abril. Ele disse que as equipes dos ministérios da Fazenda e do Planejamento avaliam em quais órgãos do governo federal vai se concentrar o corte de R$ 10 bilhões que entra em vigor em junho. Augustin discordou da avaliação dos que apontam os financiamentos concedidos pelo BNDES como fonte geradora de inflação. "O BNDES está ampliando a capacidade de produção da economia."