Título: Comércio deve ser ampliado
Autor: Costa , Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2010, Brasil, p. A4
O ministro de Desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, previu ontem que o Brasil terá "possibilidades muito boas" de ampliar suas exportações para o Irã se um acordo for efetivamente concluído entre o regime de Mahmoud Ahmadinejad e a comunidade internacional e as sanções econômicas não forem aplicadas contra Teerã.
O fato é que, além do acordo na área nuclear, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou sua visita para dobrar a aposta no mercado iraniano. Há um mês Miguel Jorge já havia visitado Teerã. Lula aumentou de US$ 500 milhões, em dois anos, para US$ 1 bilhão em cinco anos o financiamento da Caixa Econômica Federal para os exportadores de alimentos brasileiros interessados em vender ao Irã.
O lance parece ter sido inesperado, a ponto de representantes do governo, ontem em Madri, não terem a menor ideia dos detalhes do que o presidente Lula havia anunciado.
Certo mesmo é que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior aposta especialmente na venda de carne halal, cujo abate segue os preceitos muçulmanos, para o Irã. Nos quatro primeiros meses do ano, o país se tornou o segundo maior importador do produto brasileiro, so atrás da União Europeia.
Miguel Jorge nota que algumas construtoras não o acompanharam em sua visita a Teerã há um mês, mas que elas estão interessadas num volume enorme de obras. A exportação de serviços pode ser grande. "Mas o filé mesmo é na exportação de alimentos", segundo o ministro.
Por sua vez, o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, tratou de rechaçar a ideia de aproximação especial com o Irã. "Alguns (jornalistas) reclamaram que o Brasil é aliado do Irã. Coisa alguma. O que o Brasil e a Turquia fizeram em relacao ao Irã foi buscar uma solução negociada. Qualquer pessoa que conhece medianamente geopolítica sabe que o Irã sempre ocupou uma posição chave no equilíbrio da região", afirmou o assessor especial da Presidência.
Marco Aurélio contou que o "nó são os detalhes", para se chegar ao acordo. "Um texto é uma batalha", disse. Afirmou que os iranianos tem discussões muito lentas, mais complexas, tem um processo de discussão diferente do nosso. Pode servir como um alerta para quem for fazer negócios no Irã. (AM)