Título: País sobe em ranking de competitividade
Autor: Villaverde, João
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2010, Especial, p. A16

De São Paulo

O Brasil avançou três posições e os Estados Unidos perderam a liderança no ranking de competitividade para negócios apurado pelo Instituto de Administração Mundial (IMD, na sigla em inglês). No levantamento referente a 2010, o Brasil manteve o avanço anual - nos últimos cinco anos passou da 49ª para a 38ª posição no ranking. Segundo Carlos Arruda, coordenador do núcleo de inovação da Fundação Dom Cabral, que ajudou o IMD nos dados brasileiros, há ganhos "significativos" em eficiência e produtividade na economia. Ao mesmo tempo, a explosão da crise mundial, no fim de 2008, causou impactos mais firmes nos países ricos, Estados Unidos à frente. A grande dúvida, diz Suzanne Rosselet, coordenadora do IMD, na Suíça, é o que pode ocorrer quando os estímulos fiscais forem retirados e os gastos públicos forem reduzidos. Como forma de contrabalançar os efeitos recessivos da crise mundial, os Estados ampliaram gastos e reduziram impostos para estimular a demanda interna. Além disso, no caso americano, o governo adquiriu grandes parcelas de instituições financeiras para evitar a falência e, assim, o acirramento das turbulências. Assim, o endividamento do setor público se ampliou, ao mesmo tempo em que o PIB despencou. A relação dívida/PIB, portanto, aumentou. "Os empresários estão otimistas, ainda que o processo de redução de dívidas demore", afirma Suzanne. A economista avalia que o mundo pós-crise é "mais nacionalista, patriota e com maior participação do Estado na economia". Segundo Suzanne, o Brasil ganhou liderança global após a crise. "Os brasileiros têm voz e estão mostrando isso, como as negociações com a Turquia por um acordo com o Irã demonstraram", diz ela, para quem, no entanto, "ainda é preciso solucionar uma série de problemas internos". "Nos setores em que o Brasil quer ser referência, nós conseguimos com muito sucesso. Mantido o compromisso com inflação controlada e maior rigor com gasto público, podemos deslanchar", avalia Arruda, da Dom Cabral. "Nunca passamos por um momento tão bom quanto este", diz. Para José Roberto Afonso, especialista em contas públicas, é preciso aprimorar a transparência do setor público. "Houve aumento do endividamento público bruto. Parte devido às reservas internacionais, parte devido às transferências do Tesouro ao BNDES. Mas não sabemos quanto e por que", diz Afonso. A maior lição a ser tirada da crise na Grécia, diz ele, é que "sempre é possível ampliar a transparência na comunicação e nas escolhas do setor público". (JV)