Título: Teles criam plano para lucrar mais com dados
Autor: Mahlmeister, Ana Luiza
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2010, Empresas, p. B1
de São Paulo
Compensar a queda da receita de voz com serviços de dados é mais difícil para as operadoras móveis do que possa parecer. Acontece que 83% da base de aparelhos móveis no país é pré-paga, o que representa um desafio para a popularização dos pacotes de dados via internet. Até entre os assinantes de celulares mais sofisticados, o acesso à internet ainda é baixo. Só para se ter uma ideia, 80% dos smartphones da Oi não têm plano de dados. De uma forma geral, os smartphones representam apenas 10% da base nacional de 179 milhões de celulares. Mas a tendência é o crescimento gradual do percentual. "O assinante tem medo da conta, ou seja, ele tem pouca informação sobre quanto vai pagar consumindo dados e não quer ter uma surpresa no fim do mês", admite Gustavo Alvin, gerente de conteúdo da Oi. A estratégia da operadora para popularizar o serviço é oferecer dois meses grátis de "degustação" dos pacotes de dados. Um plano de 200 megabytes de capacidade custa R$ 25,90 por mês. Para estimular o tráfego de dados, a operadora também oferece conteúdos multiplataforma, como pequenas séries de vídeo, veiculadas na TV móvel, que se transformam em jogos. Para não espantar o assinante, a Vivo cobra apenas pelo download da aplicação, e não pelo tráfego de dados. "Geralmente, quem assina um pacote de dados dificilmente volta atrás, porque o recurso passa a fazer parte de sua rotina", diz Alexandre Fernandes, diretor de produtos e serviços da Vivo. A TIM firmou uma parceria com o Facebook para oferecer navegação gratuita no site móvel da rede social e também não cobra pelo tráfego de dados. Segundo a Pyramid Research, em 2011 o número de usuários da banda larga móvel vai ultrapassar a fixa e as aplicações móveis serão cada vez mais solicitadas pelos consumidores. "O Google domina apenas os sistemas de busca na internet fixa. Há espaço para o surgimento de novas empresas que vão criar produtos especialmente para o usuário móvel", afirma Charles McCathie, chefe de padronização da Opera, empresa que desenvolve interface para internet no celular. O navegador Opera para aparelhos móveis é usado por 55 milhões de pessoas mundialmente, número baixo se comparado aos 2 bilhões de usuários de internet. Para não perder o controle do assinante, oferecendo apenas a conexão à internet, as teles investem em conteúdo próprio. A Oi, Vivo, Claro e TIM lançaram ultimamente lojas de aplicativos e programas de estímulo aos desenvolvedores. No início do ano, a Vivo anunciou um site, no qual se cadastraram mil desenvolvedores até agora. Na verdade trata-se de uma plataforma de desenvolvimento, que chega em junho à sua terceira fase, cuja novidade é a automação de recursos para esses profissionais. Eles são atraídos com o modelo de remuneração: recebem 70% do valor líquido do download feito pelos clientes e 10% das mensagens de texto (SMS) geradas pelo aplicativo. A loja de aplicativos da Vivo registra 1 milhão de downloads por mês, diz Fernandes. Outra aposta da tele é nas redes sociais, com a oferta do Twitter via celular. Prever a aplicação que cairá no gosto do assinante também é um desafio. Quando foi criado, há 20 anos, o SMS começou como oferta gratuita, pois as operadoras não acreditavam que o envio de mensagens escritas via celular agradaria. "Hoje, o SMS representa mais de 50% da receita de dados", afirma Charles McCathieNevile, da Opera. Uma pesquisa da TNS Technology indica as redes sociais como a aplicação que vai gerar mais tráfego nos próximos anos. Segundo o estudo, em 2009 apenas 2% dos usuários móveis brasileiros acessavam essa aplicação no celular , mas o percentual já pulou para 11% neste ano.