Título: Tesoureiro acusado de cobrar comissão é defendido pelo PT
Autor: Farielo, Danilo; Carvalho, Luiza de
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2010, Política, p. A7
O PT segue disposto amanter João Vaccari no cargo de tesoureiro apesar da nova onda deacusações publicadas pelo dirigente no fim de semana. Reportagem decapa da revista "Veja" traz o relato do depoimento que supostamenteteria sido dado à Procuradoria Geral da República pelo doleiro LúcioFunaro, acusado no inquérito do mensalão e depoente no esquema dedelação premiada.
Nestedepoimento, Funaro identifica Vaccari como o responsável pelorecolhimento de comissões junto a bancos para que neles fossemefetuados investimentos dos fundos de pensão. Essas comissões seriamrepassadas aos cofres do partido para abastecer o mensalão. A corretorade Funaro é citada no inquérito. A instituição é acusada de comprarinformações privilegiadas para operar no mercado.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) saiu em defesade Vaccari com a afirmação de que não há processo cível ou ciminalcontra Vaccari. "Ele nunca foi responsável por finanças de campanha,mas do partido", diz Vaccarezza. De acordo com Francisco Campos, chefede gabinete da Presidência do PT, não está em jogo a permanência deVaccari no cargo de tesoureiro. Ambos dizem que o partido não semobilizou para discutir o assunto. "Estamos satisfeitos com asrespostas dadas pelo Vaccari e confiamos plenamente em seu trabalho",diz Campos.
Em nota,Vaccari refuta a veracidade do depoimento. Diz a nota: "O MinistérioPúblico Federal, a quem foi prestado o depoimento, não considerou asacusações minimamente consistentes, tendo em vista que não houvequalquer desdobramento em relação a mim. Passados cinco anos, nunca fuichamado para prestar esclarecimentos ao Ministério Público Federal. Nemmesmo fui informado da existência ou do teor desse depoimento. OMinistério Público não propôs ação contra mim. Nenhuma denúncia foiapresentada"
Vaccari éinvestigado pelo Ministério Público de São Paulo por supostamentedesviar recursos da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários deSão Paulo) para as campanhas eleitorais do PT, acusação que ele nega. ABancoop também recebeu aporte de recursos dos fundos de pensão. Essaoperação é alvo de outro inquérito, este conduzido pela PolíciaFederal.
Segundo odoleiro, Vaccari agia sob o comando do ex-chefe da Casa Civil, JoséDirceu. Ontem, Dirceu, em seu blog, refutou a denúncia: "O MinistérioPúblico Federal não considerou as acusações minimamente consistentes.Passados cinco anos, João Vaccari não foi sequer chamado para prestaresclarecimentos ao MPF. Nem mesmo foi informado da existência do teorde tal depoimento. Vale lembrar que o instrumento da delação premiadatem sido questionado pelos estudiosos do Direito quanto a sua eficáciapara a apuração correta dos fatos"
Ontem,o jornal "Folha de S.Paulo" publicou reportagem sobre a resposta dopresidente Luiz Inácio Lula da Silva ao questionário encaminhado peloMinistério Público Federal no inquérito que apura o mensalão. Segundo ojornal, Lula reconhecerá, pela primeira vez, ter sido alertado em marçode 2005 pelo então presidente do PTB, Roberto Jefferson, do mensalão. Aoposição quer aguardar a oficialização do depoimento de Lula, masadianta que ele pode trazer uma revelação grave. "Se o presidenteconfirmar aquilo que negou antes, será inexplicável e comprometedor",disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra.(Com agências noticiosas)