Título: Preço sobe a cada mês, mas futuro pede cautela
Autor: Fontes, Stella
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2010, Empresas, p. B8

Apesar do sexto aumento nos preços da celulose de fibra curta em 2010, anunciado na sexta-feira pela Fibria na esteira da manutenção do desequilíbrio entre oferta e demanda, os próximos anos poderão refletir um cenário diferente. Especialmente a partir de 2013 ou 2014, quando praticamente todas as grandes companhias brasileiras do setor planejam colocar em prática planos de expansão. Para evitar impacto significativo nas cotações, os principais executivos da indústria têm repetido o mantra da "disciplina na nova oferta". Mas entre os analistas do setor, a palavra de ordem é cautela.

Nesse período, Eldorado Celulose, Fibria, Suzano Papel e Celulose e Klabin planejam instalar novas linhas. Tomando-se como base a capacidade padrão das máquinas consideradas de ponta em termos de tecnologia (1,5 milhão de toneladas), os projetos representam adicional de no mínimo 8 milhões de toneladas anuais. Cabe destacar que a Klabin usará parte da matéria-prima para fabricação de papéis e metade da produção da Veracel é consumida pela Stora Enso.

Em relatório sobre expectativas de preços para a fibra curta, o analista Marcelo Aguiar, do Goldman Sachs, apontou que as cotações poderão chegar a US$ 1 mil a tonelada até 2011, voltando ao pico atingido em 1995. "Acreditamos que os preços deverão se manter em níveis elevados até que novas capacidades significativas entrem em operação, o que só é esperado para 2013", acrescentou.

A partir daquele ano, a Suzano deve pôr em funcionamento duas fábricas, com capacidade para 1,3 milhão toneladas ao ano cada uma; a Fibria pode iniciar as operações da segunda linha da Veracel (joint venture com a sueco-finlandesa Stora Enso) e de outra fábrica em Três Lagoas (MS); a Klabin pode iniciar os desembolsos para a construção de uma nova fábrica de celulose, cujo excedente, num primeiro momento, será vendido no mercado; e a Eldorado Celulose deve dar a partida em sua primeira unidade fabril. Para analistas que acompanham o setor, o ritmo de crescimento da demanda deverá ser acompanhado de perto e ditar o cronograma das inaugurações, com o objetivo de evitar pressão excessiva sobre as cotações da matéria-prima.

Com a efetivação do reajuste anunciado na sexta-feira, de US$ 30 por tonelada, a celulose vendida pela Fibria no mercado europeu em junho alcançará US$ 920 por tonelada. Na América do Norte, a cotação de referência chegará a US$ 950. Os preços na Ásia/China não terão aumento desta vez e foram mantidos em US$ 850. A não aplicação do reajuste na Ásia, segundo fonte do setor, deveu-se ao início das operações de uma fábrica da indonésia April, cuja produção será destinada ao mercado chinês. (SF)