Título: Reino Unido, Alemanha e Itália
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Fonte: Valor Econômico, 25/05/2010, Internacional, p. A11

Agências internacionais O Reino Unido anunciou ontem um pacote de cortes de gastos, e a Itália deve apresentar o seu hoje, seguindo caminho semelhante ao de outros países europeus. A Alemanha deve anunciar seu pacote de austeridade esta semana. Os britânicos planejam economizar ¿ 7,28 bilhões neste ano. O plano da Itália prevê corte de ¿ 13 bilhões no ano que vem, devendo o total chegar a ¿ 25 bilhões até 2012. Já o plano alemão pretende incluir cortes de gastos de ¿ 10 bilhões por ano até 2016. No Reino Unido, o novo ministro das Finanças, George Osborne, anunciou cortes de gastos em agências do governo, em programas para geração de emprego e na contratação de pessoal, além da suspensão de projetos e da renegociação de contratos. Na mais polêmica das medidas, o governo conservador acaba com o fundo criado pelos trabalhistas para todas as crianças do país - o qual poderia ser resgatado quando elas fizessem 18 anos. O déficit fiscal britânico está em £ 156 bilhões (¿ 181 bilhões), um recorde de cerca de 11,6% do PIB. O ministro disse que os cortes, que ocorrerão no atual ano fiscal, são apenas o início de um doloroso processo. Decisões ainda mais duras devem ser tomadas no futuro. "Nós precisamos tomar ações urgentes para manter nossas taxas de juros mais baixas por mais tempo, para fortalecer a confiança na economia e proteger empregos, para mostrar ao mundo que nós podemos viver segundo nossos próprios meios", afirmou. O governo manteve os gastos na saúde, nas escolas e vários programas educacionais. Essas medidas são concessões feitas aos liberais democratas. O premiê conservador David Cameron assumiu o poder há quase duas semanas, após as eleições de 6 de maio terminarem sem um partido com a maioria parlamentar. Essa maioria só foi atingida com a coalizão feita com os liberais democratas. Cameron tem como meta manter o rating de crédito do Reino Unido em AAA. Na Itália, o plano de austeridade deve ser aprovado hoje. Ele irá cortar salários e contratações no setor público, bloquear temporariamente os pedidos de aposentadoria e reduzir os investimentos para governos locais, segundo com um esboço. O plano diz que 20% daqueles que saírem do setor público de 2011 a 2013 não serão substituídos. Na saúde, serão feitos cortes nos gastos de ¿ 400 milhões em 2011 e de ¿ 1,1 bilhão em 2012. Gastos com os ministérios, incluindo salários, serão reduzidos até 10% por ano de 2011 a 2013. O esboço também cita redução de 10% no pagamento de ministros em 2011 e 10% nos salários dos funcionários do setor público que ganham mais de ¿ 75 mil anuais. Quem obtiver o direito de se aposentar em meados de 2011 e no final de 2011 deverão continuar trabalhando mais seis meses. O plano visa economizar cerca de ¿ 13 bilhões em 2011. Atualmente o déficit público italiano é de 5,3% do PIB. Na Alemanha, o governo disse estar estudando medidas como a reforma dos benefícios para os desempregados. Fala-se em aumento de impostos e cortes de gastos. A escala dos cortes pretendidos atende ao requerimento constitucional do país de baixar o déficit estrutural para 0,35% do PIB até 2016. Atualmente, ele está pouco acima de 5%.