Título: Compra de produtos acabados cresce e preocupa industriais catarinenses
Autor: Pitthan, Júlia
Fonte: Valor Econômico, 26/05/2010, Brasil, p. A3

De Joinville

Apesar de a indústria catarinense ser também responsável pelo crescimento das importações - com o câmbio favorável, a matéria-prima passou a ser comprada no exterior -, o avanço de produtos acabados já preocupa. Na opinião de Glauco Corte, vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), o fato de os insumos liderarem a lista de importados é sinal de que os empresários catarinenses estão buscando oportunidades em virtude do câmbio mais atraente. No topo da lista de principais produtos importados no ano passado, os cátodos de cobre lideram - US$ 687 milhões do produto foram trazidos de fora do país para Santa Catarina em 2009. Na sequência, fios de fibras artificiais e poliéster - importantes insumos da indústria têxtil catarinense - aparecem na segunda e quinta posição de principais itens importados. Polímeros de etileno ocupam as outras duas posições da lista de cinco principais itens importados. As diferenças em relação aos principais produtos importados em 2003 fica por conta do aparecimento de itens como telas para microcomputadores portáteis - foram US$ 51,3 milhões do item importado em 2009, o que o colocou na 16ª posição. Os barcos a motor aparecem na 27ª posição, com US$ 39, 2 milhões importados. "Notamos que começa a haver uma tendência crescente para a importação de produtos acabados, principalmente componentes eletrônicos", diz Corte. De acordo com ele, isso traz a vantagem para o Estado em função de uma maior utilização do sistema portuário catarinense, o que acaba trazendo mais riqueza para a região. Apesar do aspecto positivo, o vice-presidente da Fiesc não deixa de perceber que o estímulo à importação pode ser um limitador ao desenvolvimento da indústria local. "Sempre há um risco associado ao crescimento ilimitado das importações, um risco de desindustrialização", afirma. A preocupação da Fiesc é restringir a importação de produtos que tenham similares fabricados em Santa Catarina. "O sistema de incentivos tem de ser usado como um regulador e muito sintonizado com o arranjo produtivo local", defende. (JP)