Título: Aliança com o PMDB garante palanque para Dilma em Minas
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 08/06/2010, Política, p. A6

As direções nacionais do PT e do PMDB anunciaram ontem que o senador Hélio Costa (PMDB) será o candidato da aliança ao governo de Minas e que o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) disputará uma cadeira no Senado. Um dia após lançar Pimentel como pré-candidato, o PT mineiro teve que se render às pressões do PMDB, que ameaçava boicotar a candidatura presidencial de Dilma Rousseff. "Este é um momento importante para a aliança nacional entre o PT e o PMDB. Muitos diziam que se as nossas diferenças não fossem resolvidas em Minas, a aliança nacional não teria condições de se concretizar", afirmou o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP).

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra (SE), reconheceu que tanto Costa quanto Pimentel são candidatos extremamente fortes, "com potencial para ganhar a eleição". Segundo Dutra, nas pesquisas realizadas, o pemedebista aparece um pouco à frente do petista e ambos têm, no momento, uma intenção de votos melhor do que o candidato apoiado pelo ex-governador Aécio Neves. "Temos, com essa chapa, condição de vencermos não apenas na disputa para o governo, mas também termos um palanque forte para dar a vitória à Dilma em Minas", declarou Dutra.

A reunião do PT mineiro com os aliados no domingo, na qual foi lançada a pré-candidatura de Fernando Pimentel para o governo com Clésio Andrade (PR) para vice, foi minimizada ontem. Visivelmente constrangido, o presidente do PT de Minas, deputado Reginaldo Lopes, assegurou que, a partir de agora, o partido estará "de corpo e alma na candidatura Hélio Costa".

Lopes não acha que tenha havido precipitação no anúncio de domingo. Ele disse que havia uma disputa entre os dois candidatos e o partido nada mais fez do que lutar pelo nome que considerava mais adequado. "Fizemos um bom combate durante esses 30 dias. Em nome de um critério político e do melhor para o cenário nacional, escolhemos o Costa". Lopes acrescentou que "nem quando a disputa acontece entre candidatos do PT a coisa é simples, que dirá quando existe um candidato de outro partido na disputa".

Fernando Pimentel disse que a reunião de domingo foi descontextualizada pela imprensa. Segundo ele, petistas e alguns partidos aliados decidiram levar seu nome como uma "sugestão, mas sempre houve a certeza de que caberia ao PMDB a primazia na escolha do nome do candidato ao governo de Minas".

Hélio Costa ressaltou que, após a decisão de ontem, caberá ainda definir "um nome de peso no PT para ser o vice". Ele não quis adiantar esse nome, nem confirmar se poderia ser do ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias. O pemedebista também mantém o otimismo sobre futuras alianças com legendas como PR, PDT e PCdoB.

Quanto ao PSB, embora reconheça que a situação é mais difícil - o partido em Minas é mais próximo do PSDB de Aécio Neves - Costa disse que ainda vai conversar com o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, para defender uma ampla aliança dos partidos que fazem parte da base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O grupo majoritário do PT de Minas, controlado pelos apoiadores de Pimentel, se disse derrotado pela " intervenção branca " da direção nacional do PT. E, como consequência, não se empenhará pela candidatura de Hélio Costa ao governo mineiro. (Com agências noticiosas)