Título: Alianças são desfavoráveis a Costa e Pimentel
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 08/06/2010, Política, p. A7

Os recém aliados candidatos do PMDB ao governo mineiro, o senador Hélio Costa, e do PT ao Senado, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel começam o cenário eleitoral em desvantagem em relação ao PSDB no mapa das alianças regionais.

Hélio Costa lidera as pesquisas, mas sua imagem é desgastada pelas derrotas que sofreu ao concorrer a governador em 1990 e 1994. O quadro é mais grave para Pimentel que ainda terá que enfrentar na disputa por uma das duas vagas ao Senado dois fortes concorrentes, o ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o ex-presidente e ex-governador Itamar Franco (PPS). A estratégia eleitoral do petista sempre foi colocar-se em Minas como uma síntese das virtudes de Aécio e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de modo a ser o sucessor do chamado "lulécio", a opção eleitoral pelo petista e pelo tucano. Vinculado a Hélio Costa e concorrendo contra Itamar, Pimentel terá dificuldades em ser a segunda opção de quem vota em Aécio Neves.

A candidatura de Hélio Costa era o pretexto que faltava para partidos que são aliados dos governos estadual e federal se definirem em favor do governador Antonio Anastasia (PSDB), que disputa a reeleição. Já é dada como certa a adesão ao tucano do PSB do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, que conta com a secretaria estadual de Desenvolvimento Social e que teve no PMDB seu principal adversário na eleição municipal de 2008.

O PR e o PDT negociavam com Pimentel e Costa a posição de vice na chapa. Mas com a capitulação do PT mineiro ao PMDB, as alas minoritárias petistas reinvidicam mais espaço na aliança para engajar-se na campanha do senador. "Qualquer composição terá que contemplar mais de uma força no PT, para a chapa ser eficaz", disse o deputado Padre João, líder petista na Assembleia Legislativa e vinculado ao ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias, que poderá ser vice na chapa de Hélio Costa.

Caso isso aconteça, "a nossa tendência é permanecer onde estamos, ou seja, com o PSDB", comentou o deputado federal Mario Heringer (PDT-MG), que disse, entretanto, ter recebido sinalizações do PMDB de que o acordo com o PT resume-se, por ora, a uma cadeira ao Senado para Pimentel. O PR deve reunir-se amanhã para discutir o tema, segundo afirmou o deputado federal Lincoln Portela na rede social Twitter. O partido reinvidica a vice para seu presidente regional, o empresário Clésio Andrade, que preside a Confederação Nacional do Transporte e foi vice-governador de 2003 a 2006.

O PP e o PTB já anunciaram apoio a Anastasia, que conta ainda com o DEM, o PPS e diversos nanicos. Ficam com Costa e Pimentel , além de seus partidos, o PC do B e o PRB do vice-presidente José Alencar. Boa parte dos prefeitos mineiros do PT e do PMDB tendem a apoiar a presidenciável petista Dilma Rousseff e o governador Anastasia, mas o efeito da fórmula "Dilmasia" na eleição local, movido pelos prefeitos, é minimizado pelos articuladores políticos. "O prefeito é importante na eleição proporcional, mas na majoritária, não. Anastasia e Dilma receberão o efeito de centenas de prefeitos mineiros e o efeito no eleitorado será marginal, aposta Heringer.

A aliança em torno de Hélio Costa foi comemorada ontem por alguns militantes tucanos, que acreditam que o pemedebista não será apoiado com afinco pelos petistas. Em um primeiro momento, as demonstrações não foram de incoformismo. "O PT é um partido nacional. Nosso norte é eleger a Dilma e por isso vamos trabalhar pelo resto da chapa. O Hélio Costa nos apoiou em 2002 e é fiel aos acordos", disse o vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, presidente do diretório municipal do PT.