Título: Mão de obra é o principal gargalo e afeta custos
Autor: Camarotto, Murillo
Fonte: Valor Econômico, 08/06/2010, Especial, p. A12
A indústria da construção civil tem enfrentado, no Nordeste, onde apresenta as maiores taxas de crescimento do setor no país, o problema da falta de mão de obra. Os empresários se mostram muito preocupados com o gargalo e procuram saídas para tentar remediar o problema em parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em mutirões de treinamento e em tecnologias alternativas.
Na avaliação do vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, a situação no Estado está próxima do caos. Segundo ele, os pouquíssimos pedreiros, pintores, carpinteiros e eletricistas disponíveis estão sendo severamente disputados pelas empresas. Também não há engenheiros e nem mesmo estagiários. "Estou tentando contratar um faz tempo e não consigo", confessa o executivo.
Diante das dificuldades, Montenegro conta que algumas construtoras do Ceará estão intensificando a busca de novas tecnologias, como, por exemplo, a expansão do mercado de casas pré-fabricadas.
Na Bahia, a situação não é diferente, segundo o presidente do Sinduscon local, Carlos Vieira Lima, a "seríssima" escassez de mão de obra no Estado já está provocando prejuízos para as construtoras. Sem opção, afirma, as empresas acabam contratando profissionais com pouca ou nenhuma qualificação, o que acaba resultando em queda de produtividade.
Além dos prejuízos, a falta de profissionais eleva, naturalmente, o preço da mão de obra. Diante disso, a expectativa dos empresários do Nordeste é de que os custos vão subir. Na indústria da construção eles são medidos pelo Custo Unitário Básico (CUB), que contempla os gastos com materiais, mão de obra, equipamentos e despesas administrativas.
"O CUB certamente vai aumentar", diz o diretor-comercial da construtora pernambucana Rio Ave, Alberto Ferreira Costa Júnior. Segundo explica o empresário, como a demanda pelos imóveis ainda está elevada, "essa alta será compensada".
O CUB do Nordeste é o menor do Brasil. Em abril deste ano, estava em R$ 671,65 por metro quadrado, 6,6% a menos que a média nacional. No caso específico da mão de obra, o custo no Nordeste é de R$ 322,80 por metro quadrado, 16,9% inferior à média do país. (MC)