Título: PT acolhe PDT em alianças estaduais mas não evita debandada em Minas
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Fonte: Valor Econômico, 10/06/2010, Política, p. A10
Um acordo nacional entre PMDB e PDT, amarrando a sucessão estadual no Paraná e em Minas, tentará impedir a desagregação da base lulista nos dois Estados. Em Minas Gerais, o senador Hélio Costa (PMDB) abriria caminho para o PDT indicar o nome de vice em sua chapa para o governo estadual. No Paraná, o senador Osmar Dias (PDT) poderá ser oficializado candidato hoje, com a promessa de ter o apoio do PT e do PMDB para concorrer contra o pré-candidato tucano, o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB). O tema foi discutido ontem pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, com a bancada do PDT.
No lado mineiro, Hélio Costa procura conter a insatisfação entre os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a imposição pelas cúpulas nacionais do PMDB e do PT do seu nome como candidato. Ontem, o PR mineiro, que havia costurado um acordo para ter a candidatura de vice em uma chapa encabeçada pelo PT, anunciou por meio de uma nota oficial que irá propor uma coligação proporcional com o PSDB e ficar sem candidato nas eleições majoritárias para o Senado e governo. "Os candidatos a deputado deste partido apoiarão o candidato a governador pelo PSDB", frisou na nota o presidente estadual do PR, o empresário Clésio Andrade.
Também ontem foi divulgada a saída do PT da ex-deputada federal Sandra Starling, candidata do partido ao governo em 1982. Sandra assinou um artigo no jornal "O Tempo" em que afirmou: "Não aceito fazer parte de uma farsa". Ainda ontem, o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias, que tentou viabilizar a sua candidatura ao governo estadual pelo PT, sinalizou na rede social twitter que não disputará a vaga de vice na chapa de Costa. "Minha primeira opção é não disputar nenhum mandato", escreveu. Segundo um de seus mais próximos aliados, o deputado estadual André Quintão, com este gesto Patrus procura deixar aberto o caminho para o acordo com o PDT. Costa ainda tenta manter na aliança o PSB e o PRB do vice-presidente José Alencar, que ameaça ficar neutro na eleição majoritária.
No Paraná, Osmar Dias ameaça desistir da candidatura ao governo estadual em função da falta de acordo no PT e no PMDB. Candidato ao Senado, o ex-governador Roberto Requião rompeu com seu sucessor, o governador Orlando Pessuti, que lançou-se para a reeleição. E Requião pressiona para que a pré-candidata ao Senado Gleisi Hoffmann, esposa do ministro do Planejamento Paulo Bernardo, seja candidata a vice de Dias, abrindo caminho para o ex-governador eleger-se. Irmão do líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias, o pedetista ameaça lançar-se para a reeleição ao Senado, em aliança com Richa. Se isso acontecer, o palanque da presidenciável petista Dilma Rousseff estará desmontado no Estado às vésperas da eleição, o que aumenta o cacife do PDT para negociar alianças não só no Paraná mas no Brasil como um todo. Hoje, pedetistas e pemedebistas reúnem-se em para tentar fechar um acordo em Minas. A ideia, para ganhar tempo, é que a convenção pedetista em Curitiba decida apenas pelo veto a uma aliança com os tucanos.