Título: Cai parcela da produção brasileira destinada à venda para o exterior
Autor: Otoni, Luciana
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2010, Brasil, p. A2

de São Paulo

O consumo interno (CI) de importados no primeiro trimestre superou, pela primeira vez desde 1999, a parcela da produção que é exportada (CE). Segundo dados divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o CI nos primeiros meses do ano foi de 20,7%, enquanto o CE ficou em 19,3%.

Uma elevação no coeficiente de importação demonstra que a competição com os importados no mercado interno está cada vez mais acirrada. Por outro lado, um coeficiente de exportação cada vez menor revela que os produtos brasileiros estão perdendo espaço no comércio exterior ou estão sendo desovados no mercado doméstico.

A entidade chama atenção ao fato da parcela exportada ter sofrido, de janeiro a março, a terceira queda consecutiva e atingido um dos patamares mais baixos dos últimos anos. Em contrapartida, o CI apresentou a terceira alta seguida e alcançou o terceiro maior valor da série histórica, próximo dos valores dos dois últimos trimestres de 2008, no período pré-crise.

Para a Fiesp, os números confirmam as previsões para o comércio exterior brasileiro em 2010. Ou seja, um cenário em que o total exportado possivelmente não retomará ao valor pré-crise, ao contrário do que o mercado prevê para as importações. "A combinação entre o baixo crescimento externo, câmbio valorizado e acúmulo de créditos tributários relativos às exportações, explicam a perda de mercado externo e o desvio das vendas para o aquecido mercado interno", afirmou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca.

Os bens de capital e os bens de consumo foram as categorias que puxaram para baixo o resultado do coeficiente geral de exportação. O CE de janeiro a março deste ano dos bens de capital ficou em 15,4%. No mesmo período do ano passado, o índice era de 19%. No caso dos bens de consumo, o CE caiu de 17,8% para 16,4% nas mesmas bases de comparação. As duas categorias tiveram no primeiro trimestre o CE mais baixo da série histórica, calculada desde 2003.