Título: Para analistas, produção de bens de capital indica força nos investimentos
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2010, Brasil, p. A3

de São Paulo

A boa notícia trazida pelos dados de produção industrial ontem, segundo analistas, foi o crescimento do setor de bens de capital, que incluem máquinas e equipamento necessários para ampliar a capacidade da indústria.

O segmento cresceu 2,4% em abril sobre março deste ano, enquanto a indústria geral caiu 0,7%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse desempenho mostra que os empresários continuam otimistas e estão colocando em prática seus planos de investimentos. "Há uma expectativa muito boa da indústria como um todo para produção futura", diz Thaís Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados.

Como consequência, a perspectiva de aumento da capacidade instalada da indústria, aliada a um arrefecimento do ritmo da produção, afasta mais o risco de haver inflação por inadequação da oferta em relação à demanda. Entre os grupos que mais aumentaram a sua produção estão os de bens de capital para construção (208,5% em abril deste ano sobre abril de 2009), agrícolas (46,5%), e equipamentos de transporte (34,9%).

Bens de capital foi um dos setores mais atingidos pela crise, por conta da suspensão dos investimentos. Por isso o crescimento é alto na comparação anual (aumento de 36% em abril de 2010 sobre abril de 2009). No acumulado do ano, porém, ele já acumula um avanço de 29%.

"O setor está acelerando a sua produção e já apresenta taxa expressiva de crescimento na margem. Isso é importante, pois deixa claro que o que está por trás são os investimentos e a geração de capacidade produtiva", diz Rogério César Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Segundo ele, esse desempenho deve se manter e a expectativa é de que o segmento volte a liderar o crescimento industrial. Ele explica que, antes da crise, máquinas e equipamentos representavam cerca de 40% da variação do crescimento da produção da indústria, patamar que caiu para algo em torno de 30% hoje. Para este ano, a projeção do Iedi é de que a atividade industrial cresça acima dos 9%.

Segundo os dados de faturamento coletados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o setor cresceu 16% nos primeiros quatro meses do anos comparado ao mesmo período do ano passado. Esse crescimento, porém, é considerado modesto pelos empresários, que projetam uma evolução de 15% da produção em 2010.

"Tivemos uma perda de faturamento de quase 25% em 2009 sobre 2008 e só para recuperar isso teríamos que crescer cerca de 30% em 2010", diz Carlos Pastoriza, vice-presidente da Abimaq.