Título: Em 6 anos, mais de R$ 100 bilhões de expansão no saldo
Autor: Cotias, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2010, Finanças, p. C1
De São Paulo
Em apenas seis anos, o crédito consignado saiu da casa dos R$ 10 bilhões para mais de R$ 118 bilhões, velocidade que se explica pela demanda reprimida que havia no mercado brasileiro, especialmente entre o público aposentado, muitas vezes sem acesso sequer a uma conta bancária, explica o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva. O representante das instituições de pequeno e médio porte, porém, é um defensor da tese de que o segmento pode estar próximo do seu potencial, já que beira os 50%, 55% dos beneficiários do INSS e servidores públicos. "É da cultura do brasileiro tomar crédito só quando precisa realmente."
Mesmo com o ingresso de novos participantes elegíveis ao consignado no sistema, seja pela via da aposentadoria, seja pela formalização do emprego, ele espera que na conta final do ano, o crescimento das carteiras ronde os 15%, 20%. Para as taxas de expansão anual observadas em 2010, acima dos 30% desde janeiro, ele lembra que até o primeiro trimestre de 2009 prevalecia a regra do INSS de comprometimento da renda de 20%, determinação que caiu no segundo trimestre. "Chegará um momento em que haverá uma certa estabilização do crescimento, em 2011 e 2012 vamos observar um ritmo de crescimento menor."
Com a população brasileira envelhecendo, com 1,5 milhão de pessoas entrando em regime de aposentadoria anualmente, há um indutor natural de novos tomadores para o consignado, avalia o analista da Austin Rating, Luiz Miguel Santacreu. "Ainda há uma demanda não absorvida pelos bancos. É só lembrar que anos atrás o público aposentado era rejeitado pelas instituições financeiras e agora é recebido com cafezinho." Por trás da abordagem mais enfática nos últimos anos está o fato de as carteiras de consignado oferecerem a melhor garantia possível, que é o desconto no holerite, com baixos níveis de inadimplência. "Mesmo com juros menores, é possível ter boa rentabilidade nessas carteiras."
Na origem, o consignado sempre foi especialidade de bancos menores, como BMG, Cruzeiro do Sul e Bonsucesso, mas passou a ser alvo dos grandes, que fizeram aquisições nessa área nos últimos anos e passaram a comprar carteiras. "Não era o foco porque as instituições dispunham de outros produtos na prateleira com taxas mais altas, seria predatório avançar no consignado, investindo num produto que rendia menos."
A renovação de carteiras, muitas vezes em prazos maiores que a operação original, é outro fato que explica a pernada do consignado, diz o presidente da Acrefi, Adalberto Savioli. (AC)