Título: Governo projeta criação de 1,580 milhão de vagas formais no primeiro semestre
Autor: Otoni , Luciana
Fonte: Valor Econômico, 22/06/2010, Brasil, p. A2

Cerca de 320 mil vagas líquidas de trabalho com carteira assinada podem ter sido abertas em junho, projeção que, se confirmada, fará com que o primeiro semestre do ano se encerre com a criação de 1,580 milhão de postos. A estimativa foi feita pela ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que informou que no mês passado foram criados 298 mil empregos, configurando um recorde para meses de maio.

Esse desempenho é a diferença entre 1,693 milhão de pessoas admitidas e 1,395 milhão de dispensas ocorridas no mês passado, conforme consta no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Com esse resultado, subiu para 1,260 milhão o número final de postos de trabalho criados no país entre janeiro e maio.

O ministro avalia que, além do maior ritmo de expansão da economia, também a Copa do Mundo de futebol, que está sendo disputada na África do Sul, e as eleições, têm contribuído para ampliar o dinamismo do mercado de trabalho. Segundo ele, a preparação das campanhas eleitorais movimentará a cadeia produtiva do setor gráfico e o segmento de locação de imóveis e de equipamentos.

Outro fator que deverá ampliar a oferta de vagas em junho e nos meses subsequentes, aponta Carlos Lupi, é o setor de agronegócio do Centro-Oeste. O ministro disse que a contribuição para a oferta de emprego de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foi pequena e deve ocorrer em maior intensidade a partir deste mês.

A despeito de representarem o quarto melhor resultado desde o início da série, que foi iniciada em 1992, os empregos líquidos gerados em maio foram inferiores aos 305 mil de abril. Essa queda pode indicar que, para os próximos meses, o mercado de trabalho continuará aquecido, mas deverá mostrar dinamismo menor em comparação com bases mais elevadas do Caged ao longo do segundo semestre do ano passado.

O relatório do Ministério do Trabalho mostra que os 25 subsetores de atividade pesquisados elevaram a oferta de vagas. O setor de serviços se mantém na liderança, tendo criado, no mês passado, 86,1 mil empregos. Na sequência figuram o setor agrícola e a indústria da transformação, com a abertura de 62,2 mil vagas cada. O comércio registrou desempenho recorde e teve a contratação de 43,4 mil trabalhadores. Na construção civil foram admitidos 39 mil operários no último mês.

Ao comentar os dados, Lupi disse não temer que o mercado de trabalho aquecido e a renda do trabalhador em alta sejam fatores de pressão da inflação. O ministro afirmou que para este ano a inflação está projetada entre 5% e 5,5%. "Eu não vejo problema em ter 0,25% a mais de inflação, quando o Brasil já teve 30% ao ano. Eu não vejo ninguém reclamar quando a China ou a Índia crescem mais de dois dígitos, a 10%. Não via ninguém reclamar quando o Japão crescia a 9% ao ano. Nós vamos crescer bem, com emprego e inflação controlada", disse. Ele também manteve a projeção de abertura de 2,5 milhão de postos de trabalho com carteira assinada neste ano.