Título: Justiça francesa condena Noriega
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Fonte: Correio Braziliense, 08/07/2010, Mundo, p. 26
Sentença de sete anos de prisão para ex-ditador do Panamá
O ex-ditador panamenho Manuel Antonio Noriega,76 anos, extraditado para a França em abril último após passar 20 anos encarcerado nos Estados Unidos, foi condenado ontem a sete anos de prisão, em Paris, por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. A Justiça francesa também ordenou a apreensão de 2,3 milhões de euros (R$ 5,1 milhões) das contas-correntes mantidas no país por Noriega, além de uma multa no mesmo valor. De acordo com a sentença, o ex-ditador terá ainda que pagar um milhão de euros (R$ 2,3 milhões) ao Panamá, como reparação por ¿prejuízos moral e material¿.
O Ministério Público, que havia pedido 10 anos de prisão, acusou Noriega de ter lavado 15 milhões de francos (2,3 milhões de euros) na França, provenientes do cartel de Medellín (Colômbia), por meio do Banco de Crédito e Comércio Internacional (BCCI), fechado em julho de 1991 por fraude internacional. O ex-ditador panamenho alegou que esses recursos vieram do legado do irmão, da fortuna da mulher e de pagamentos dos Estados Unidos, do qual foi aliado.
Na semana passada, quando o julgamento teve início, testemunhas disseram que de 1982 até o fim de 1984, Noriega esteve diretamente vinculado ao tráfico de cocaína entre a Colômbia e os Estados Unidos, recebendo seu pagamento por autorizar a passagem pelo Panamá dos aviões com drogas.
Usando terno preto, camisa e gravata brancas, Noriega compareceu ao tribunal e demonstrou surpresa ao ouvir a sentença. Terminada a audiência, foi levado novamente para a prisão parisiense de La Santé, onde aguardará os próximos passos de seus advogados. A defesa tem 10 dias para recorrer e deve solicitar a liberdade condicional de Noriega, valendo-se dos 32 meses que ele ficou preso em Miami aguardando a extradição para a França, após cumprir a pena de 17 anos por tráfico. ¿É uma decisão de conotação política (...) uma posição que agrada, sem dúvida, as autoridades americanas¿, declarou o jurista Olivier Meztner, um dos defensores do ex-ditador.