Título: Para analistas, alta da Selic não altera IPCA de 2011
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2010, Brasil, p. A3
de Brasília
O mercado financeiro ainda não acredita em convergência da inflação para o centro da meta no próximo ano, mesmo com os dois aumentos da taxa Selic promovidos pelo Banco Central (BC). A mediana das projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no fim de 2011 permanecem congeladas em 4,8% há 11 semanas. O índice projetado para os próximos 12 meses teve ligeira queda, de 0,1 ponto percentual, para 4,82%.
O aperto monetário, iniciado pelo BC em abril, visa trazer a inflação para o centro da meta, 4,5%, dentro do que a autoridade chama de "horizonte relevante", ou seja, 12 meses à frente, já que os efeitos das alterações nos juros têm uma defasagem de seis a nove meses.
Na semana anterior, os analistas Focus já haviam elevado a expectativa para o ciclo total de alta de juros, que passou a ser de 325 pontos bases, ante 300 pontos das medições anteriores, fechando o ano em 12% ao ano. A mudança seguiu indicação da ata da última reunião do Copom, que apontou que o aperto projetado pelo mercado já não seria suficiente para trazer o IPCA para a meta em 2011.
Para a inflação para este ano, a mediana das expectativas foi reduzida de 5,61% para 5,55%. Há quatro semanas, o cenário apontava 5,67%, mostrando que para este ano há uma expectativa de queda do IPCA, mesmo que ainda sinalizando um nível bastante superior ao centro da meta.
De acordo com análise do departamento econômico do Banco Santander, essa queda das projeções é apenas uma correção por conta dos dados do último mês. "Isso é devido ao ajuste para baixo das taxas de inflação esperadas para junho e julho após a divulgação do IPCA-15 apresentando forte desaceleração no índice fechado. Com isso, a mediana está próxima dos 5,5% que esperamos para 2010."
Também foram reduzidas as previsões para o IGP-DI e IPC-Fipe desse calendário, agora em 9,05% e 5,29%, respectivamente. Anteriormente, as projeções estavam em 9,08% e 5,30%. Para o IGP-M, no entanto, a mudança foi pequena, de 9,07% para 9,08% de aumento esperado.
Em junho, o IPCA deve marcar 0,14% de elevação. O IGP-DI deve se situar em 0,65% e o IGP-M, em 0,97%. O IPC-Fipe deve se encontrar em 0,20%. As estimativas de todos esses indicadores para o mês foram revisadas para baixo.
As estimativas para o PIB registraram a 15ª elevação consecutiva, para 7,13%, diante de 7,06% da semana anterior. "A expectativa ainda está abaixo da nossa projeção (7,8%), portanto esperamos que ainda siga em alta", completa análise do Santander.