Título: Pesquisas indicam ritmo forte e alta de preços
Autor: Otoni, Luciana
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2010, Brasil, p. A5
Construção: Sondagem da CNI mostra aumento do ritmo de produção do setor, e FGV aponta mais inflação
de Brasília
O nível de atividade na construção civil aumentou em maio e tende a seguir aquecido. Pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 376 construtoras identificou que, em uma escala de zero a cem, o ritmo de produção passou de 53,9 pontos em abril para 55,8 pontos no último mês. Esse bom desempenho reforça o otimismo dos empresários do setor, que projetam para os próximos seis meses nível de atividade de 67,8 pontos. A medição considera que acima de 50 pontos o resultado é positivo.
Junto com o aquecimento do setor, outra pesquisa mostrou que os preços estão em alta. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice Nacional de Custo da Construção-M (INCC-M) registrou, em junho, variação de 1,77%, acima do resultado de maio, de 0,93%
Na última sondagem, a CNI consultou empresas distribuídas em 24 Estados e no Distrito Federal. Um dos dados relevantes foi a melhora do desempenho das pequenas empresas. Nesse segmento, o nível de atividade manteve certa estabilidade no início do ano, chegando em abril em 49,9 pontos. Depois disso, a produção avançou para 54,3 pontos em maio.
O gerente-executivo da Unidade Política Econômica da CNI, Renato da Fonseca, comenta que essa é a primeira sondagem que mostra a aproximação das pequenas empresas (até 99 empregados) do ritmo de produção das grandes construtoras (mais de 500 empregados). "O que vemos é uma disseminação do crescimento e que as grandes empresas passaram a demandar mais serviços terceirizados." Essa contratação passou a abranger, com maior regularidade, não somente as pequenas empresas responsáveis por acabamento e instalações, mas tambem os escritórios de arquitetura, de cálculo estrutural e design externo, entre outros tipos de serviços.
A expectativa favorável para os próximos seis meses abrange a compra de insumos e de matérias-primas. A pontuação para esse quesito passou de 65,1 pontos em abril para 67,1 pontos em maio. As projeções embutem otimismo porque, segundo Fonseca, os fatores que contribuem para o aquecimento do mercado imobiliário - estabilidade, oferta de crédito, emprego e renda em elevação - continuam a influenciar a conjuntura econômica de forma positiva.
Nesse contexto, o ciclo de restrição da política monetária somente ameaçará esse desempenho se o ajuste for longo e se os juros permanecerem em bases alta por muito tempo, avalia Fonseca.
Pelos dados da pesquisa de preços da FGV, o INCC acumula alta de 5,29% no ano, e de 6,31% nos últimos 12 meses. Cinco capitais apresentaram aceleração em junho, quando o índice nacional ficou em 1,77%: Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Em sentido oposto, Recife e Porto Alegre tiveram desaceleração.
O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços registrou variação de 1,02%, ante 0,48% no mês anterior. No índice referente à mão de obra, houve alta de 2,59%, ante elevação de 1,41% no mês de maio. No grupo materiais, equipamentos e serviços, o índice correspondente a materiais e equipamentos subiu de 0,51% em maio para alta de 1,04%. A parcela relativa a serviços passou de uma taxa de 0,36%, em maio, para 0,92%, em junho.