Título: TRE rejeita recurso e mantém Garotinho fora da disputa
Autor: Moura, Paola de
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2010, Política, p. A6

Eleições: Ex-governador recorre ao TSE, que tem até próximo o dia 5 para julgar sua elegibilidade

Uma decisão de segunda instância do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) tornou mais difícil ainda a candidatura do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR). O tribunal rejeitou hoje o recurso interposto por ele e por sua mulher, Rosinha Garotinho (PMDB), para tentar derrubar em segunda instância a decisão que o tornou inelegível por três anos e pediu o afastamento dela da Prefeitura de Campos.

A decisão favorece a campanha do atual governador Sérgio Cabral (PMDB) já que Garotinho é seu principal adversário, analisa o professor de Ciências Políticas da PUC-RJ, Ricardo Ismael. "Garotinho já vinha mostrando que Cabral era seu alvo principal. Sua artilharia já estava apontada para o governador e quando isto chegasse à televisão poderia ter um impacto maior", explica o professor. "Neutralizado, favorece Cabral que pode até ganhar no primeiro turno".

Mas Ismael também vê chances de o candidato do PV ao governo do Estado, o deputado federal Fernando Gabeira, herdar alguns votos de Garotinho. "O ex-governador já deu indicações de que pode apoiar o Gabeira. Além disso, quem é contra o atual governador também migrará para votar no deputado".

Garotinho ainda tenta recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em seu blog, publicou ontem que não acreditava que a decisão do TRE fosse lhe ser favorável e informou que só recorreu porque tem que cumprir os trâmites legais. "Estou certo que o TSE, de forma independente, sem o comprometimento que existe hoje, por parte de setores do Ministério Público e da Justiça, aceitará o meu pedido de liminar, que está nas mãos do ministro Marcelo Ribeiro", completou, insinuando que a decisão do TRE foi política.

Segundo o professor Ismael, mesmo que o TSE suspenda a decisão, toda esta controvérsia também enfraquece a candidatura Garotinho, principalmente frente à classe média, que já tem uma forte rejeição à sua candidatura.

Para que o ex-governador possa se tornar elegível, o TSE deve julgar o recurso até o dia 5 deste mês, prazo final dos registros das candidaturas.

Enquanto o julgamento definitivo não sai, outro candidato aguarda para decidir com quem se coligará. Isolado do poder no Rio, o senador Marcelo Crivela apostava na união com Garotinho para poder ganhar mais tempo de TV e garantir sua liderança nas pesquisas eleitorais. Hoje em primeiro lugar nas pesquisas, Crivela não conseguiu apoio da maior parte dos partidos do Estado, já que, 16 deles se coligaram com o governador Sérgio Cabral, e o PSDB, o DEM e o PPS, apoiam a candidatura de Cesar Maia (DEM) e Marcelo Cerqueira (PPS) ao Senado. Com isto, só lhe restava unir-se a Garotinho.

O senador Crivela esteve no domingo na convenção realizada por Garotinho no Hotel Guanabara, no Rio, e chegou a ser cotado para fazer parte da coligação. Mas, como o acordo não foi fechado, o PR anunciou o pastor e deputado federal Manoel Ferreira (PR) e o ex-cantor de pagode e agora de música gospel da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias Waguinho como seus candidatos ao Senado.

No entanto, como a homologação da convenção ainda não foi feita no TSE, Crivela e Garotinho decidiram esperar pelo julgamento final do TSE. Se for positivo podem substituir Waguinho na chapa.