Título: Empresas migram para nova linha do BNDES
Autor: Durão, Vera Saavedra; Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2010, Finanças, p. C2

Crédito: Com demanda explosiva de exportadores de bens de consumo, banco suspende novos pedidos

de São Paulo

A grande demanda pela nova linha de financiamento à exportação para bens de consumo do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) levou a instituição a suspendê-la no dia 18, uma semana depois de as inscrições para tentar sua utilização terem sido abertas, em 11 de junho. O BNDES deu uma "parada técnica" para avaliar os pedidos.

Ainda não há previsão de quando a nova linha será reaberta. Os bancos, agentes financeiros do BNDES, não se surpreenderam com a decisão, pois já vinham percebendo a demanda gigantesca das empresas clientes. As corporações de todo o tamanho, inclusive estrangeiras, estavam se preparando há tempos para conseguir o dinheiro. No dia em que as inscrições passaram a ser aceitas, uma verdadeira fila de pedidos se acumulou rapidamente.

Segundo os bancos, há empresas que trocaram outros tipos de crédito por esse, de condições mais vantajosas. Instituições financeiras notaram até mesmo companhias estrangeiras que trocaram investimento externo direto pela nova linha. As multinacionais esperam primeiro para ver se são aprovadas no novo programa do BNDES. Caso negativo, vão entrar com capital para investimento no Brasil.

Para obter esse novo financiamento, basta fabricar no Brasil produtos com índice de nacionalização de 60% e que serão exportados. A dotação para esta linha de crédito é de R$ 7 bilhões até dezembro. O limite de financiamento é de R$ 150 milhões por grupo econômico.

As condições de financiamento à exportação dos bens de consumo são novas e diferentes das verificadas para os bens de capital, linha mais tradicional. O juro cobrado pelo BNDES para o crédito à exportação de bens de consumo é de 7% ao ano em reais, que a partir de 1º de julho sobe para 8% ao ano. Este percentual é acima dos 6% da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), a taxa de referência nos empréstimos do BNDES. O prazo do empréstimo é de 18 meses ante 36 meses para bens de capital.

Uma linha de crédito à exportação de mesmo prazo de 18 meses tomada no mercado, tradicionalmente mais barata do que a de capital de giro, sai por 103% a 106% do Depósito Interfinanceiro (DI) (após o "swap" (troca) de indexadores do dólar para o real), para uma empresa de primeiríssima linha, como, por exemplo, a Petrobras. Isso significa de 10,56% ao ano a 10,86%, aproximadamente. Ou seja, mesmo a empresa de menor risco pagaria mais do que os 7% a 8% das linhas à exportação do BNDES.