Título: Marina cativa evento preterido por favoritos
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2010, Política, p. A4
Enquanto o candidato tucano José Serra corria para apagar o incêndio em torno da escolha do vice na chapa PSDB-DEM e a petista Dilma Rousseff tem procurado evitar excesso de exposição no Rio Grande do Sul para não criar problemas com o PMDB, aliado do PT na eleição presidencial mas adversário na disputa estadual, a pré-candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, falou sozinha para 250 prefeitos e secretários no Congresso da Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs), ontem, em Porto Alegre.
"Não sei as razões pelas quais os outros candidatos não vieram", afirmou Marina, acrescentando ter feito "um grande esforço" para comparecer ao evento. "Mas se comigo como uma terceira alternativa vocês foram quase esquecidos, o que dirá se fosse um plebiscito", afirmou a candidata, para quem a tentativa do PT de "impor uma eleição plebiscitária" é "empobrecedora para a democracia".
Dilma já havia avisado a Famurs há uma semana que não participaria por problemas de agenda e por uma questão "estratégica" em relação ao PMDB, disse o ex-presidente da entidade, Marcus Vinicius de Almeida (PP), prefeito de Sentinela do Sul, que anteontem passou o cargo a Vilmar Zanchin (PMDB), de Marau. Já Serra comunicou que não iria ao congresso às 14h30min de ontem, logo após a abertura do evento em Porto Alegre.
"Lamentamos as ausências porque queríamos falar com os candidatos sobre assuntos específicos dos municípios gaúchos", disse o prefeito. Ele "gostou muito" de Marina, que respondeu a perguntas previamente encaminhadas sobre socorro às prefeituras em situações de calamidade, burocracia nos repasses de verbas federais, responsabilidade fiscal, guerra fiscal, ambiente, saúde, educação e transporte, mas não abriu o voto.
Confiante de que poderá crescer "significativamente" nas pesquisas com o início do horário eleitoral, Marina Silva prometeu aos prefeitos, entre outras coisas, que se for eleita aumentará gradualmente os gastos em saúde e educação. Defendeu a reforma tributária e disse ser contra a permissão para que Estados e municípios legislem sobre temas ambientais para evitar uma "guerra ambiental" semelhante à "guerra fiscal".
Ela também se comprometeu a reativar o Fundo Nacional de Defesa Civil, desativado em 1990, e criticou o governo Lula por direcionar a maior parte dos recursos para prevenção de catástrofes para a Bahia durante o período em que o aliado Geddel Vieira Lima, candidato do PMDB ao governo da Bahia, era ministro da Integração Nacional. Marina disse ainda que vai recorrer contra a decisão do TSE que a proibiu (e também a Serra) de participar do programa eleitoral do candidato do PV ao governo do Rio, Fernando Gabeira, por ele ser também coligado ao PSDB no Estado.