Título: Guerra coloca em dúvida resultado da pesquisa
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 24/06/2010, Política, p. A6

de São Paulo

"Maio é o mês da Dilma. Junho será o nosso mês", previa há exatamente um mês o presidente nacional do PSDB e coordenador da campanha presidencial do partido, senador Sérgio Guerra (PE). "Não duvido que Serra esteja novamente na frente", escreveu ontem no microblog Twitter o recém-aliado à campanha tucana e presidente do PTB, Roberto Jefferson, antes de ver o resultado da pesquisa CNI/Ibope.

Ao descobrir que o levantamento indicava pela primeira vez Dilma Rousseff (PT) à frente de José Serra (PSDB), Jefferson insinuou que o resultado seria um golpe: "A pesquisa era para pressionar base aliada (inclusive PP) a apoiar Dilma na última semana de convenções", publicou o presidente do PTB. "Governo pressiona para levar no 1º turno. Não conseguirá!", disse Jefferson.

Os aliados do tucano esperavam que a convenção nacional do partido, a veiculação na televisão de inserções do PSDB e a exibição do programa partidário, em junho, ajudariam Serra a alavancar as intenções de voto captadas nas pesquisas. A frustração com o resultado da CNI/ Ibope calou integrantes e simpatizantes da campanha de Serra. Poucos dirigentes manifestaram-se.

Sérgio Guerra disse ter se surpreendido porque pesquisas internas indicavam a liderança de Serra com pelo menos 2%. "Respeitamos o Ibope, mas nossas pesquisas não coincidem com esse resultado. Ele está sempre na frente. Pode anotar, até o final do mês, ele estará novamente na frente", disse. O coordenador tucano descartou mudanças na estratégias da campanha. "Não podemos mudar a cada ponto. Temos um projeto e vamos continuar com ele", disse. Em maio, quando pesquisa Datafolha indicou empate técnico entre Serra e Dilma, Guerra também rejeitou qualquer mudança no discurso do candidato.

Petistas comemoraram a pesquisa. No Twitter, pipocavam na noite de ontem comentários de petistas e de apoiadores de Dilma Rousseff, destacando a dianteira da ex-ministra no levantamento. "Dilma está só a quatro pontos de vencer no primeiro turno", escreveu o deputado e presidente do diretório do PSB de São Paulo, Márcio França. "Nem Serra nem Marina podem perder mais nem um ponto até outubro de 2010 ", disse.

Mais cauteloso, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que "eleição e mineração, só depois da apuração". O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) destacou que Dilma tem a menor rejeição e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bateu novo recorde de aprovação, com 85%.

O presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, defendeu a comparação dos governos do PT e do PSDB à frente do governo federal. "Vamos mostrar à população a diferença dos projetos em disputa. De um lado Dilma com o projeto de Lula. Do outro, Serra com o projeto de FHC", publicou no Twitter.

A campanha da candidata do PV, senadora Marina Silva, também comemorou. Em nota à imprensa, o coordenador, João Paulo Capobianco, disse que o levantamento, ao indicar Marina com 9%, reduz a possibilidade de uma eleição plebiscitária. Capobianco ressaltou que os "dados mostram aumento da probabilidade de voto na senadora (36% afirmaram que poderiam votar em Marina; em março eram 27%) e queda no seu nível de desconhecimento (13% nunca ouviram falar na candidata; três meses antes, eram 22%)".