Título: Em Cuiabá e Manaus, velhos estádios já estão em demolição
Autor: Camarotto, Murillo
Fonte: Valor Econômico, 09/07/2010, Brasil, p. A3
de São Paulo
Duas cidades sem tradição no futebol, Cuiabá (MT) e Manaus (AM) estão demolindo os atuais estádios para levantar modernas arenas para a Copa do Mundo de 2014. Em Cuiabá, o antigo estádio Governador José Fragelli, o Verdão, já virou entulho, que está sendo removido para o início das obras da Arena Multiuso, investimento público de R$ 342 milhões a ser concluído em dezembro de 2012. Em Manaus, o Estádio Vivaldo Lima, o Vivaldão, já não tem assentos nem placar eletrônico. Os tapumes para o obra já foram colocados. Serão investidos R$ 499 milhões para transformar o estádio em uma arena com capacidade para receber 48 mil torcedores. A data de entrega também foi fixada para 2012.
Sem atratividade para a iniciativa privada, os estádios são bancados inteiramente pelo poder público. O governo do Mato Grosso formou um fundo de R$ 1 bilhão com recursos orçamentários e financeiros para arcar com custos da nova arena e dar a garantia financeira exigida pela Fifa. O Estado também busca financiar 70% da obra por meio de uma linha do BNDES. O governo do Amazonas, por sua vez, formalizou um pedido de empréstimo de R$ 400 milhões ao BNDES. Até agora, há R$ 32 milhões do orçamento estadual comprometido com a demolição do estádio e terraplenagem.
A cidade de Manaus deve receber R$ 4 bilhões em investimentos públicos para se preparar para a Copa. Marcelo Lima Filho, secretário de Planejamento do Amazonas, conta que há um pedido de financiamento de mais R$ 600 milhões ao BNDES para a construção de um monotrilho em Manaus. "Estamos dentro do prazo para os projetos de mobilidade urbana. Temos até o fim do ano para contratar as empresas, considerando que a licitação do monotrilho terminará em agosto."
O monotrilho de Manaus terá 20 quilômetros e será combinado com um corredor rápido de ônibus, ou BRT (Bus Rapid Transit), a ser empreendido pela prefeitura de Manaus. O sistema integrado prevê a cobertura de todas as regiões da cidade com um investimento total de R$ 1,9 bilhão, sendo R$ 1,3 bilhão para o monotrilho e R$ 600 milhões para o BRT.
Segundo o secretário, está prevista para o começo de agosto a entrega das propostas para a construção de um estádio menor e de um centro de convenções em Manaus. "O local ficará como legado para atender grandes eventos, terá 8,4 mil metros quadrados, e demandará um investimento de R$ 35 milhões", conta Lima Filho. As obras foram iniciadas no ano passado, mas o Estado anulou o contrato com a antiga construtora, depois que ela pediu aumento do preço do contrato alegando inexequibilidade. A expectativa é que o complexo fique pronto até o meio do ano que vem. Um terceiro estádio será construído para ser centro de treinamento, investimento de R$ 20 milhões do governo estadual em fase de licitação.
Cuiabá receberá cerca de R$ 2,5 bilhões para as obras da Copa de 2014. A cidade construirá dois centros de treinamento, com custo de R$ 25 milhões cada, mas eles ainda estão na fase de projeto. Para transportes, o governo chegou a pensar em um monotrilho, mas a hipótese foi abandonada por conta do alto custo. A previsão agora é construir dois BRTs, um investimento total de R$ 457 milhões para os quais há um pedido de financiamento ao BNDES. Um dos corredores terá 15,2 km e ligará o centro de Cuiabá ao aeroporto, e o segundo terá 7,3 km de extensão e integrará o centro à região sudeste da cidade.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) aportará R$ 338 milhões em obras previstas em avenidas que possuem entroncamentos com rodovias federais (BRs 364, 163 e 070). Os projetos estão em análise. Também estão sendo estudadas intervenções nas vias de acesso à arena esportiva, como alargamentos de pistas, duplicação e abertura de alternativas para o escoamento do tráfego de veículos. Segundo o governo do Mato Grosso, uma definição deve sair nos próximos meses.