Título: China cria incentivos a sua 'corrida para o oeste'
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Fonte: Valor Econômico, 09/07/2010, Internacional, p. A9
Pequim está colocando em prática uma nova série de medidas para desenvolver o oeste do país, numa estratégia chamada de "Grande Exploração do Oeste". A região ocidental, em que se destacam a geografia ora montanhosa, ora desértica, é pobre, recheada de conflitos étnicos e difere muito da industrializada área costeira do leste do país.
"O governo chinês vai aumentar os investimentos na região oeste, fazendo com que, até 2015, o valor total da produção econômica da zona duplique em relação a 2008. É preciso construir o quanto antes um mecanismo de serviço público que cubra cidade e zona rural, para reduzir as diferenças entre oeste e leste quanto aos serviços públicos básicos prestados", disse Du Ying, vice-presidente da Comissão de Reforma e Desenvolvimento da China (CRDC, órgão de planejamento de desenvolvimento do país).
A superfície da região ocidental, o interior, ocupa mais de 70% do território chinês nela estão 28% da população do país.
Ontem, a comissão anunciou que o governo pretende estender os impostos sobre a exploração de petróleo, gás e carvão para todo o país, como uma forma de ajudar a financiar o desenvolvimento da região ocidental.
Atualmente apenas a Província de Xinjiang, no extremo oeste do país, cobra impostos sobre exploração de commodities energéticas, mas o governo central planeja que todo o país adote essa cobrança e a repasse para o programa de desenvolvimento da região ocidental, disse o vice-presidente da CRDC. Entretanto Du disse que ainda "não está claro" quando isso ocorrerá.
No início de junho, a China introduziu um imposto de 5% sobre as explorações de commodities energéticas em Xinjiang. A CRDC disse que a alíquota deve ser aumentada e a cobrança já ser estendida inicialmente para todas as Províncias ocidentais - só depois iria se tornar nacional.
A medida pode ter resultado negativo nos lucros de empresas como a PetroChina.
Na terça-feira, o governo anunciou que o imposto de renda corporativo no oeste da China será reduzido de 25% para 15%, como forma de atrair novas empresas. Disse também que investirá 682,2 bilhões de yuans (US$ 100,8 bilhões) em 23 novos projetos de infraestrutura na região oeste. Os novos projetos incluem rodovias, usinas de energia, aeroportos e projetos de abastecimento de água nas províncias de Sichuan e Guizhou, no Tibete e em regiões autônomas de Xinjiang.
A CRDC diz que a arrecadação extra do imposto sobre commodities energéticas pode ser usada para financiar os gastos do governo na região, de forma a impulsionar o consumo doméstico e ajudar a reduzir a dependência que o país em relação às exportações para fazer crescer sua economia.
O desenvolvimento econômico do país será impulsionado "por nossa capacidade de continuar a aumentar a demanda doméstica, fazendo disso nossa meta estratégica", disse Du.