Título: O sobe e desce do patrimônio
Autor: Tahan, Lilian
Fonte: Correio Braziliense, 07/07/2010, Cidades, p. 23

Pelos valores divulgados no site do TSE, Roriz perdeu bens e dinheiro em quatro anos a ponto de ficar ¿mais pobre¿ que Agnelo. Mas a assessoria do ex-governador diz que o tribunal não incluiu 6,7 mil cabeças de gado

Os dois candidatos com maior chance de vencer as eleições para o governo do Distrito Federal em 2010 são milionários. O ex-governador Joaquim Roriz (PSC) é o mais abastado. Fazendeiro, dono de gado, ações e imóveis ¿ no campo e na cidade ¿, a primeira versão sobre o conjunto de bens de Roriz publicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) causou estranheza. Consta no site oficial do TSE que ele possui R$ 1,11 milhão. Quantia pouco abaixo da declarada por seu principal oponente, Agnelo Queiroz (PT), que informou ser dono de R$ 1,15 milhão.

Pelo dado divulgado no TSE, Roriz teria empobrecido de 2006 para cá. Há quatro anos, quando ele se candidatou ao Senado, declarou um patrimônio de R$ 4,4 milhões. O prejuízo na realidade não ocorreu. Pelo contrário. As finanças de Roriz só melhoraram. A diferença para menos foi esclarecida por assessores de Roriz. É que ficou de fora da declaração de bens do político uma boiada inteira. Os primeiros documentos entregues ao Tribunal Regional Eleitoral na tarde da última segunda-feira ¿ prazo-limite para o registro de candidatura ¿ não davam conta de 6,7 mil animais pertencentes ao ex-governador. Em 2006, Roriz havia dito ser dono de 6.227 cabeças de gado.

De acordo com a assessoria de imprensa de Roriz, o valor foi informado em meio à papelada entregue ao TRE. Mas o tribunal não confirma. Oficialmente, o órgão aguarda documentos(1) por parte do candidato para atualizar os dados sobre os bens. Na tarde de ontem, advogados ligados a Roriz telefonaram para o tribunal com o objetivo de saber como proceder para fazer o adendo na declaração de patrimônio do candidato. ¿Quando se trata de declaração de fazendeiro, há uma cédula rural onde é feito o registro de animais, esses dados estão no meio do processo. O que houve foi uma desencontro de informações¿, disse o assessor de imprensa de Roriz, Paulo Fona.

Fazenda Quando o gado de Roriz entrar na declaração do TSE, ele vai ficar oficialmente R$ 4 milhões mais rico. E o total de seus bens saltará de R$ 1,1 milhão para R$ 5,1 milhões. Com isso, Roriz será o postulante mais rico da campanha e terá melhorado seu patrimônio nos últimos quatros anos em 13,8% (veja Arte acima). Na declaração de Roriz não consta a fazenda Palma, o xodó do político, onde ele passa boa parte de seu tempo, quando não está envolvido na política. Lugar em que cria gado e produz leite e derivados. A propriedade ou os ¿quinhões de capital¿ do lugar, no entanto, aparecem nas declarações de duas filhas do ex-governador. Elas serão candidatas neste ano. Jaqueline Roriz (PMN) à Câmara dos Deputados. A distrital informou ser dona de R$ 2,8 milhões, dos quais R$ 1,9 milhão referentes à agropecuária Palma. Já Liliane Roriz, que estreará na política disputando uma vaga na Câmara Legislativa, tem R$ 3,3 milhões, sendo R$ 2,9 milhões concentrados também na Fazenda Palma.

No ranking dos bens declarados à Justiça, depois de Roriz, vem Agnelo Queiroz, com R$ 1,15 milhão de patrimônio. Um quinto do que tem Roriz, mas com uma evolução, em quatro anos, de 412,7%. Em 2006, o então candidato do PCdoB ao Senado informou ser dono de R$ 224,3 mil. Tinha, na época, um apartamento na 404 Sul no valor de R$ 78 mil e três carros avaliados por R$ 101,3 mil. De acordo com as informações divulgadas no site do TSE, Agnelo hoje é dono de dois apartamentos que somam R$ 299 mil e uma casa no Setor de Mansões Dom Bosco de R$ 450 mil, além de depósitos bancários de R$ 149,9 mil. Segundo a assessoria de imprensa do candidato, a comparação entre a declaração de bens de 2006 com a de 2010 não reflete a realidade financeira do petista. Neste ano, Agnelo fez a declaração em conjunto com a da mulher, Ilza, que é médica e tem rendimento próprio. Além disso, a assessoria afirma que no intervalo entre uma campanha e outra, o concorrente comprou a casa na SMDB e contraiu uma dívida de R$ 344 mil em função de financiamento de imóveis.

Vices E se a campanha é dos milionários, os vices das duas chapas mais competitivas também mostraram os seus valores. Tadeu Filippelli, do PMDB, que faz dobradinha com Agnelo, tem patrimônio avaliado em R$ 3,97 milhões. Jofran Frejat (PR), o parceiro de Roriz, tem R$ 5,3 milhões declarados ao TRE.

Newton Lins, que disputa o cadeira do Buriti pelo PSL, tem posses no valor de R$ 416 mil, segundo declarou ao TRE, e Toninho do PSol é dono de um patrimônio informado por ele de R$ 155,6 mil. Três concorrentes, Eduardo Brandão, do PV, Ricardo Machado, do PCO, e Rodrigo Dantas, do PSTU, não são donos de nada, como consta na Justiça Eleitoral. Há quatro anos, Brandão foi candidato a deputado federal e, naquela época, não estava zerado. Havia declarado bem no valor de R$ 60 mil. Assim como Ricardo Machado, que foi vice numa chapa do PCO e tinha na época R$ 13 mil.

1 - Repeteco De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal Regional Eleitoral, a mesma situação referente aos bens de Roriz ocorreu em 2006. Naquele ano, o então candidato ao Senado enviou apenas em um segundo momentos os dados sobre quantas cabeças de gado criava e quando a boiada valia. A documentação foi aceita porque os candidatos têm prazo para retificar suas declarações de patrimônio.

PCB em suspenso Até o momento, a candidatura de Frank Svensson, concorrente do PCB ao Governo do Distrito Federal, não foi aceita pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Anteontem, seus representantes protocolaram a documentação da candidatura às 19h20, 20 minutos após o término do prazo. Os documentos foram recebidos pelo tribunal, mas caberá a um juiz eleitoral definir se o candidato terá o registro aceito ou não. Ainda não há prazo estipulado para essa decisão. O PCB-DF apresentou uma chapa pura nas eleições de 2010.

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