Título: Dívida líquida do setor público fica estável em 41,4% do PIB
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 30/07/2010, Brasil, p. A4

A dívida líquida total do setor público subiu em junho para R$ 1,385 trilhão, o equivalente a 41,4% do Produto Interno Bruto (PIB). No mês anterior, estava em R$ 1,371 trilhão, mesmo nível em comparação com o PIB, segundo dados do Banco Central (BC). O governo federal responde pela maior parte do montante (R$ 1,002 trilhão), seguido por Estados (R$ 361,834 bilhões) e municípios (R$ 59,366 bilhões).

O resultado veio acima da expectativa divulgada pela autoridade monetária, que estimava a dívida em 41,2% do PIB. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, comentou que sua projeção para junho, de 41% do PIB, acabou frustrada por conta da variação cambial, que ficou abaixo do projetado por ele. Quando o real se valoriza, é pior para a dívida. Lopes lembra que a cada 1% de variação no preço do câmbio, há um impacto imediato de 0,11 ponto percentual na relação dívida versus PIB, para cima (quando há valorização do real) ou para baixo (o dólar americano melhora).

A relação dívida/PIB também interrompeu uma sequência de duas queda consecutivas, tendo passado para 41,8% do PIB em abril e para 41,4% em maio, mas continua com trajetória positiva. "A dívida líquida do setor público se comportou dentro das expectativas, ficando estável em 41,4% do PIB nos meses de maio e junho", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

O BC estima que a dívida líquida do setor público deve se manter no mesmo patamar neste mês, em 41,4% do PIB, segundo Altamir Lopes. A projeção considera a taxa de câmbio em R$ 1,77. Para o ano, o BC mantém a expectativa de 39,6% do PIB em dezembro.

Já a dívida bruta do governo geral (União, Previdência, Estados e municípios), contabilização que exclui os ativos, cresceu para R$ 2,01 trilhões em junho, o equivalente a 60,1% do PIB. No mês passado, estava em R$ 1,991 trilhão, também 60,1% do PIB. A autoridade monetária prevê que a dívida bruta do governo geral ficará em 60% do PIB em julho, caindo para 59% no fim do ano.

Os créditos junto ao BNDES atingiram R$ 212,217 bilhões em junho, mantendo o mesmo patamar de 6,3% do PIB registrado em maio. Em dezembro de 2008, antes portanto dos empréstimos realizados no pós-crise, a dívida do banco estatal estava em R$ 35,454 bilhões, ou 1,2% do PIB. (FT)