Título: Cabeamento chega só a 2,7% dos municípios
Autor: Brigatto , Gustavo
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2010, Empresas, p. B3

Apenas 2,7% dos pouco mais de 5,5 mil municípios brasileiros contam com operações de TV por assinatura via cabo. As cerca de 240 outorgas do serviço emitidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) desde 1997 estão concentradas nos Estados do Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste, com aproximadamente 30 operações no Norte e Nordeste. No total, são 4,6 milhões de assinantes, ou, 54,5% do total de 8,4 milhões de clientes da TV paga no Brasil.

As últimas licenças de cabo foram liberadas em outubro de 2000. De lá para cá foram registrados mais de mil pedidos de novas licenças. Nenhum deles foi atendido pela Anatel. De acordo com Alexandre Annenberg, presidente da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), não se sabe ainda quantos desses pedidos continuam válidos.

Com a liberação da venda de licenças para TV a cabo, Annenberg afirma que a Anatel estima ampliar para algo entre 600 e 700 o número de outorgas emitidas, o que praticamente triplicaria a cobertura atual do serviço.

O interesse na tecnologia por cabo prevalece porque é por meio dessa infraestrutura que as operadoras podem oferecer multisserviços de TV, acesso à internet em banda larga e telefonia fixa. "É o cabo que pode resolver o problema da última milha [conexão do ponto principal da infraestrutura da operadora com a residência do cliente]. Isso é essencial para massificação da banda larga", diz Annemberg.

Na comparação com outras tecnologias, o cabo oferece mais opções às operadoras em cima de uma mesma infraestrutura. O serviço por satélite (DTH) é basicamente para vídeo. Para oferecer banda larga, as operadoras precisam fazer parcerias, ou entrar em novos mercados. Em 2008, a Sky comprou a ITSA, operadora de microondas (MMDS) para suprir essa deficiência. Mas a tecnologia também sofre com a falta de novas licitações, o que impede a evolução do serviço, afirma Luiz Eduardo Baptista, presidente da Sky. "A operação em Brasília está em " banho-maria " ", afirma o executivo.

Outra questão que ainda precisa ser definida é a participação das operadoras de telecomunicações no negócio de TV paga. Por enquanto, essas empresas não podem usar suas redes de telefonia para oferta de TV por assinatura. Nesse caso, a saída é recorrer ao satélite ou ao MMDS. A Telefônica firmou uma parceria com a DTHi, para vender TV por satélite. A tele espanhola também conseguiu licença da Anatel para lançar seu serviço próprio e adquiriu do Grupo Abril 100% das operações de MMDS da TVA - e até 49% das ações ordinárias no segmento de TV a cabo. A Oi e a Embratel também têm suas operações de satélite.

Enquanto a Telefônica enfrenta problemas para crescer sua participação no cabo, por causa da restrição à participação majoritária de grupos estrangeiros no setor (máximo de 49% de capital estrangeiro), a Oi não tem esse impedimento.

Por ter controle nacional, a Oi pode adquirir quantas licenças de cabo quiser assim que forem liberadas. A empresa já tem uma operação nas cidades de Belo Horizonte, Uberlândia, Poços de Caldas e Barbacena, em Minas Gerais, fruto da aquisição da Way TV, em 2006. A entrada da Portugal Telecom na Oi não cria impedimento, pois os portugueses adquiriram pouco mais de 20% da empresa. (IS e GB)