Título: Pesquisa indica que a economia global cresce a duas velocidades
Autor: Pimlott , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2010, Internacional, p. A13
Os consumidores nos grandes países em desenvolvimento estão mais confiantes em relação às suas economias nacionais do que aqueles dos países da Europa Ocidental e dos EUA, segundo uma pesquisa. Isso confirma uma dupla velocidade na recuperação da economia global.
Na Índia, 85% dos consumidores veem a situação economica de seu país como sendo boa, enquanto 77% dos chineses e 65% dos brasileiros também têm uma visão otimista quanto a seus países.
Em contraste, na Espanha apenas 5% da população vê sua economia positivamente, na França, 6%, no Reino Unido, 13%, e nos EUA, 18%, segundo uma sondagem realizada com 19 mil pessoas em 24 países pelo instituto de pesquisas Ipsos Mori.
Esse abismo entre os países em desenvolvimento, que tiveram recuperação rápida após a crise global, e paises desenvolvidos, que continuam enfrentando os efeitos negativos da crise, ressalta o sentimento de uma nova ordem mundial que emerge após a crise financeira.
"Os dados globais da pesquisa mostram algo inesperado: uma queda drástica na confiança dos consumidores. Após uma pequena recuperação entre 2009 e 2010 - principalmente impulsionada pela China - os consumidores globais têm se mantido pessimistas em relação à economia", afirmou Cliff Young, um dos diretores da Ipsos.
O instituto acredita que a falta de uma recuperação na confiança dos consumidores, que seja consistente com os sinais de recuperação na economia, reflete os altos níveis de desemprego em muitos países desenvolvidos.
A confiança fraca na Europa Ocidental e nos EUA parece ter se consolidado em 2010, enquanto surgem temores de uma recaída na recessão nessas regiões.
Os EUA tiveram a segunda maior queda em confiança entre os países que fizeram parte da pesquisa em junho. Ao mesmo tempo, a economia está enfraquecendo, e a criação de empregos está empacada.
No Reino Unido, a confiança regrediu desde março, quando a crise da dívida na Europa estava prejudicando os mercados. França, Espanha e Itália também tiveram fortes quedas na confiança no fim do ano passado.
Por outro lado, países desenvolvidos como Austrália e Canada tiveram níveis de confiança relativamente altos, com cerca de 70% de pessoas tendo uma visão otimista da economia nacional. Isso pode refletir sua dependência da exportação de recursos naturais, num momento em que cresce a demanda dos países emergentes. Além disso, a relativa saúde dos seus sistemas bancários também contribui.
Na Alemanha, onde problemas fiscais são menos severos do que em outros países desenvolvidos, a confiança é mais forte.
Os países com as populações mais pessimistas parecem ser também aqueles que sofreram mais com a recessão. Na Espanha, 63% da população acredita que a sua economia está em péssimas condições, enquanto 41% de japoneses e 34% de ingleses tem a mesma opinião em relação aos seus respectivos países.