Título: Certificação de açúcar e álcool entra na reta final
Autor: Barros , Bettina
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2010, Agronegócios, p. B14

As primeiras certificações brasileiras de açúcar e álcool com o selo global BSI (Better Sugarcane Initiative) deverão ocorrer até novembro deste ano. O selo deverá facilitar a entrada dos produtos brasileiros na União Europeia (UE), que exigirá a partir de 2011 diretivas ambientais para os biocombustíveis produzidos e importados pelo bloco.

Única certificação voltada exclusivamente para a cana-de-açúcar, o BSI começou a ser elaborado há quatro anos e reúne grandes produtores e consumidores de açúcar e álcool, como Coca-Cola, Shell e BP (British Petroleum), além de financiadores (IFC, afiliada do Banco Mundial) e organizações não governamentais (WWF entre elas).

"O selo é a porta de entrada para a UE", diz Geraldine Kutas, assessora-sênior para assuntos internacionais da presidência da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). "As primeiras certificações sairão já na próxima safra".

De acordo com Geraldine, o processo foi atrasado por algumas indefinições na Europa quanto às novas regras ambientais. Há ainda duas pendências no bloco: a proibição do cultivo de matérias-primas para biodiesel sobre pastagem de alto grau de biodiversidade e o efeito indireto na mudança do uso da terra.

Apesar disso, o conselho do BSI, baseado em Londres, aprovou no último dia 30 seus próprios critérios e princípios, e agora irá submetê-los à apreciação da Comissão Europeia (o braço executivo da UE). O órgão dirá se os padrões definidos pelo BSI estão de acordo com as novas diretivas ambientais europeias.

Nos próximos dias, a Unica enviará os padrões do BSI para os seus associados. A expectativa é de uma boa adesão. "A certificação dos biocombustíveis será obrigatória", diz Geraldine, referindo-se ao bloco de 27 países.

Segundo ela, a ideia inicial contemplava apenas a certificação do açúcar. Mas os questionamentos sobre a sustentabilidade do etanol acabaram estendendo as discussões ao produto. A principal crítica é de que a expansão da cana força as demais culturas a se deslocarem para áreas ainda preservadas, como a Amazônia.

O BSI determinará as certificadoras que auditarão as usinas. Além do BSI, há opção do Rainforest Alliance, criado nos anos 90, auditado no Brasil pelo Imaflora.