Título: Serra descarta narcotráfico, mas sai em defesa de vice ao vincular PT às Farc
Autor: Taquari , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2010, Política, p. A7
O candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, saiu ontem em defesa de seu vice, deputado Indio da Costa (DEM-RJ), e elevou o tom das críticas ao PT, ao reiterar que o partido tem ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O tucano, no entanto, não vinculou o PT diretamente ao narcotráfico, como fez Indio da Costa.
"A ligação do PT é com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Todo mundo sabe, tem muitas reportagens, tem muita coisa", disse. "A Farc é uma força ligada ao narcotráfico; isso não significa que o PT faça o narcotráfico", afirmou em Belo Horizonte, ao lado do ex-governador Aécio Neves e do candidato à reeleição ao governo de Minas, Antonio Anastasia, ambos tucanos.
Serra, além de reforçar a crítica feita por seu vice, desconversou sobre o recrudescimento dos ataques ao PT. "Nós estamos discutindo opiniões; alguns podem gostar, outros não gostar", comentou. Na semana passada, Indio da Costa disse que "todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior." O vice afirmou ainda que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, é "ateia" e "esfinge do pau oco". Em resposta, o PT anunciou ontem que processará Indio da Costa por crime contra a honra e danos morais.
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também saiu em defesa de Indio da Costa. "São fatos do conhecimento público que já mereceram dezenas de reportagens da imprensa brasileira. A relação das Farc com narcotráfico são tão conhecidas como as do PT com a organização", argumentou. Guerra, no entanto, avaliou que a posição do vice não representa a opinião da campanha.
Não é a primeira vez que Serra liga o PT às Farc. Na campanha presidencial de 2002, o tucano disse existir o "PT real e o PT da TV" e que era preciso debater essa ligação.
Menos de quinze dias depois do início oficial da campanha, Serra e o PSDB demonstraram que intensificarão as críticas a Dilma, ao PT e ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem o partido disse que vai encaminhar uma representação ao Procurador-Geral da República para ter acesso a imagens do circuito interno do Palácio do Planalto, para tentar confirmar a suposta visita da ex-secretária da Receita Lina Vieira à ex-ministra da Casa Civil e candidata Dilma Rousseff. Na época, divulgou-se que a petista teria pedido a interferência de Lina nas investigações da Receita contra as empresas de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que recebeu um e-mail no final do ano passado de um ex-funcionário do Palácio do Planalto, que alega que as imagens foram escondidas para não tornar público o encontro entre Lina e Dilma. A única prova até então era uma anotação da reunião na agenda da ex-secretária da Receita.
Outra medida judicial anunciada pelo PSDB diz respeito ao pedido de investigação à Corregedoria-Geral da Receita e à Polícia Federal sobre o vazamento de dados fiscais sigilosos do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas. "Queremos acompanhar o processo e requerer as diligências para acharmos o culpado. Não é a primeira vez que isso ocorre", disse Jorge ontem, em São Paulo. (Com agências noticiosas)