Título: Dilma intensifica agenda para reverter desvantagem em SC
Autor: Pitthan, Júlia
Fonte: Valor Econômico, 13/08/2010, Política, p. A8

A candidata à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) vai apostar no diálogo para convencer Santa Catarina de que ela é uma opção melhor para o país do que José Serra (PSDB). "Conversando com o eleitor catarinense", disse a petista, ao ser perguntada sobre qual seria a estratégia para reverter o quadro de desvantagem no Estado. De acordo com o último Ibope, Serra tem vantagem de 45% no Estado. A petista aparece com 34% das intenções de voto, seguida de Marina Silva (PV), com 10%.

Para mudar o jogo entre os catarinenses, a estratégia do PT é intensificar as visitas da candidata ao Estado. Ontem Dilma cumpriu agenda intensa na capital. Pela manhã, participou de sabatina na RBS TV, emissora afiliada da TV Globo. Em seguida, almoçou com lideranças empresariais na Federação das Indústrias do Estado. À tarde, testou sua popularidade em desfile pelo centro. Esta foi a segunda vez que Dilma esteve no Estado oficialmente como candidata.

Segundo o presidente estadual do PT-SC, José Fritsch, a presença da candidata está confirmada mais duas vezes no Estado até a eleição. Para ajudá-la, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em solo catarinense em setembro. O vice-candidato Michel Temer (PDMB) também deve ir ao Estado mais quatro vezes.

Na semana passada, Temer esteve em em Balneário Camboriú para curar as feridas da relação estremecida com o PMDB local. No Estado, os pemedebistas firmaram aliança com o DEM e o PSDB para o governo estadual, o que levou o diretório nacional a ameaçar os catarinenses de intervenção. Apesar de Eduardo Pinho Moreira (PMDB) ser o vice-candidato ao governo que tem Raimundo Colombo (DEM) como cabeça de chapa, muitos peemedebistas subiram no palanque de Dilma.

O ex-governador Paulo Afonso Vieira, o candidato a deputado federal João Matos e o prefeito de Florianópolis, Dario Berger, foram as presenças mais ilustres do PMDB na passagem de Dilma pela capital.

Além do PMDB, Dilma contou com o apoio local do pedetista Manoel Dias, vice da candidata ao governo do Estado Ângela Amin (PP). Muitas bandeiras do PDT tremularam na passagem da candidata petista por Florianópolis. A falta de apoio formal de Ângela, que é líder com 38% das intenções de voto, não desanimou Dilma. "Respeito as diferenças regionais. Ninguém pode chegar no Estado impondo um roteiro", disse, a respeito da falta do PMDB na aliança regional.

Dilma assumiu prazos para a entrega de obras de infraestrutura pendentes no Estado. Duramente questionada em entrevista na RBS, prometeu concluir a duplicação da BR-101, ampliar o terminal de passageiros do Aeroporto Hercílio Luz até o final de 2011 e duplicar a BR-470 em dois anos. Em palestra a empresários, criticou o modelo de concessão de estradas de São Paulo.

"O pedágio vira uma forma de imposto distorcido", disse. Em julho, o tucano defendera o modelo de concessão paulista na Fiesc como alternativa às dificuldades de duplicação das rodovias catarinenses.

No centro, Dilma limitou-se a contar a Praça XV na caçamba de uma camionete. Não fez discurso, mas recebeu rosas vermelhas e assinou bandeiras para alguns eleitores. Ao lado da candidata ao governo do Estado Ideli Salvatti (PT) provocava reações diversas na praça.

Um grupo de aposentados que jogava dominó seguiu indiferente à sua passagem, ao carro de som e à claque. Fizeram cara feia quando perguntados sobre a popularidade de Dilma ali. "Aqui ela não ganha. Nem aqui, nem em Curitiba. Lula perdeu aqui também", disse o aposentado Antonio Tonera, eleitor assumido de Serra. Do outro lado da quadra, a equipe de balconistas de uma farmácia foi até a porta de entrada para ver Dilma passar. Uma das moças vez um gesto com a mão imitando um coração para saudar a candidata. "Aqui o PT é meio fraco, mas eu gosto dela. Acho que ela tem chances de ganhar", disse o balconista André Luiz Morfin, sorrindo pela passagem da petista.