Título: Petista promete remédio de graça para diabetes e hipertensão
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2010, Política, p. A7

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, declarou ontem, depois de breve reunião com a equipe de coordenação da campanha, que pretende, caso seja eleita, distribuir gratuitamente medicamentos para hipertensão e diabetes (incluindo insulina) nas redes privadas de farmácias. Hoje esses medicamentos já são vendidos com até 90% de descontos nos estabelecimentos conveniados ao "Aqui tem Farmácia Popular", a um custo total de R$ 400 milhões/ano para os cofres públicos. "Não seriam necessários muitos recursos extras, pois pagaríamos apenas os 10% restantes", afirmou a candidata.

A ideia de estender o subsídio para os medicamentos de hipertensão e diabetes surgiu após reunião de Dilma com representantes de laboratórios nacionais e estrangeiros na quinta passada. Aproximadamente 12 mil farmácias da rede privada integram o Farmácia Popular. Na rede pública, são aproximadamente 500 estabelecimentos que comercializam pouco mais de 100 medicamentos com descontos que também chegam a 90%.

A campanha de Dilma está concluindo o programa de governo até o fim deste mês. Segundo o representante do PMDB no grupo, Moreira Franco, todos os partidos aliados já apresentaram suas contribuições e o documento está na fase de redação final. Ele não soube dizer, contudo, quais os pontos serão explorados nesse primeiro momento no horário eleitoral gratuito, que começa hoje. "Essa análise será feita pelo João Santana, não está sendo discutido conosco", afirmou Moreira.

Dilma afirmou que as mudanças que pretende implantar no sistema de saúde brasileiro não serão financiadas por um novo imposto - substituto da CPMF, extinta em 2007. "É claro que a CPMF faz falta. Eu seria uma completa leviana se achasse que R$ 40 bilhões não fariam falta à saúde". Ela disse que, em qualquer parte do mundo, implementar um sistema de saúde eficiente é caro. "Esses recursos virão do crescimento da economia. Quando o PIB cresce, você arrecada mais sem precisar criar um novo tributo", explicou. "O que for arrecadado a mais será destinado à Saúde. Apenas desta maneira o Brasil dará o salto de qualidade que necessita", completou.

A candidata pretende também ampliar o SUS, melhorar o atendimento às gestantes e aos recém-nascidos e incentivar a pesquisa para a fabricação de medicamentos mais sofisticados, que agreguem valor à indústria farmacêutica.

Sobre as mudanças verificadas nas últimas pesquisas de opinião pública, que consolidaram a liderança da candidata petista ante o adversário José Serra (PSDB), Dilma afirmou que não é momento de "arrogância e soberba de se achar que é possível vencer em primeiro turno".

Ao contrário do PT, ela minimizou o poder do horário eleitoral, afirmando que ele é mais um elemento da campanha, que inclui as entrevistas, os debates e o corpo-a-corpo. Mas ironizou o jingle do tucano, que afirma "quando o Lula da Silva sair, é o Zé (Serra) que eu quero lá". "Vocês acham isso plausível? Eu tenho minhas dúvidas", afirmou Dilma.