Título: Investidor estrangeiro já detém R$ 141 bilhões em título público
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 20/08/2010, Finanças, p. C3

Os investidores estrangeiros ampliaram fortemente sua participação no total da dívida pública nos últimos doze meses. O estoque de aplicações praticamente dobrou nesse período, passando de R$ 79 bilhões, em julho do ano passado, para R$ 141 bilhões em julho deste ano, patamar recorde.

Em proporção do total da dívida, o percentual na mão dos aplicadores externos pulou de 6,12%, em julho de 2009, para 9,54% no mês passado, também o maior nível da série histórica. Dados do Tesouro Nacional apontaram que a dívida pública em títulos públicos somava R$ 1,509 trilhão no mês passado.

De acordo com o coordenador-geral da Dívida Pública, Fernando Garrido, o interesse vem crescendo nos últimos anos em decorrência das boas condições macroeconômicas do país. Além disso, segundo ele, a tendência de longo prazo é de queda dos juros, o que torna o momento atual bastante atrativo. "A possibilidade de queda de juros dos títulos no futuro deve continuar a atrair a atenção desse investidor."

A demanda está concentrada em papéis prefixados de longo prazo, acima de cinco anos, com boa procura por NTN-F de dez anos. Em menor escala, os títulos atrelados à inflação com prazos entre 20 e 40 anos também recebem a atenção dos estrangeiros.

Esses investimentos começaram a crescer em 2006, com a adoção de isenção de Imposto de Renda para não residentes. A crise reduziu um pouco o ímpeto, em 2008. Mas, neste ano, também em função da alta da Selic, os papéis brasileiros voltaram a atrair o mercado externo. Nem mesmo a adoção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) reduziu a procura, já que o imposto é prejudicial apenas para operações de curto prazo.

No mês de julho, o estoque da dívida pública mobiliária federal interna (DPMFI) teve queda de 0,49% em julho, para R$ 1,509 trilhão, depois de ficar em R$ 1,516 trilhão em junho. Os dados constam de relatório do Tesouro Nacional divulgado há pouco.

De acordo com o Tesouro, no mês houve resgate líquido de títulos no valor de R$ 19,4 bilhões, montante superior ao que foi apropriado para o pagamento de juros (R$ 12,01 bilhões).

Considerando as operações de swap cambial, a parcela da dívida atrelada à taxa pós-fixada Selic somou R$ 516,77 bilhões em julho, ou 34,24% do total do endividamento. Esse percentual é superior ao do mês anterior, quando as dívidas corrigidas pela Selic representavam 33,57% do total.

Os papéis prefixados tiveram sua participação ligeiramente reduzida de 35,27% para 34,13% do total, correspondendo a R$ 515,06 bilhões. Já a parcela de títulos públicos federais atrelada a índices de preços verificou alta na composição do total, saindo de 29,46% em junho para 29,91%, ou R$ 451,39 bilhões, em julho.

Pelos dados do Tesouro, o governo encerrou o mês passado devedor em dólar, no equivalente a R$ 9,81 bilhões, com a posição passiva dessa fatia equivalente a 0,65% do estoque da dívida mobiliária federal interna. Em junho, a dívida atrelada à variação cambial era de R$ 10,02 bilhões, ou 0,66% do estoque. (Colaborou Azelma Rodrigues)