Título: Consumo de energia da indústria bate recorde em julho
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 24/08/2010, Brasil, p. A3

O consumo de energia elétrica na indústria brasileira atingiu a marca recorde de 15.915 gigawatts hora (GWh) em julho, superando os 15.823 GWh registrados em agosto de 2008. A demanda ficou 13,7% acima do volume do mesmo período do ano passado, informou ontem a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Segundo o órgão, o resultado reflete uma aceleração da atividade econômica. O destaque no balanço é o consumo industrial na região Sudeste, que teve expansão de 18,3% na comparação anual. No total, a demanda por energia elétrica no país cresceu 8,4% em julho em relação ao mesmo período de 2009, alcançando 34.382 GWh. No segmento residencial, a alta foi de 4,2%, enquanto no comercial, a expansão foi de 4,5%.

De acordo com a EPE, o consumo residencial tem crescido a taxas robustas desde 2007, como reflexo de um quadro de aumento na base de consumidores e evolução da renda. A EPE ainda aponta que a demanda residencial não foi abalada pela crise financeira e recebeu forte influência do aumento das temperaturas neste ano.

Nos sete primeiros meses do ano, o consumo médio por residência - de 157,2 quilowatts hora (KWh) - marcou o maior nível desde 2001, quando a média foi de 163 KWh/mês. Em relação ao período de janeiro a julho de 2009, a demanda por residência subiu 3,9%. Em 12 meses finalizados em julho, a demanda residencial consolidada cresceu 7,4%, com destaque para a região Nordeste, cujo consumo marcou alta de 13,5% nessa base de comparação.

Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, o consumo recorde de energia na indústria e a alta do consumo médio residencial não representam ameaças ao abastecimento, pois o sistema está trabalhando com folga e sem gargalos ao crescimento. "Nós estamos com excedente grande de energia elétrica. Com as obras contratadas até 2014, temos um excedente de 5 mil megawatts médios, que permite ao Brasil crescer 7% ao ano. A situação está totalmente sob controle e não há nenhum risco de desabastecimento", disse Tolmasquim.

Segundo ele, a construção de grandes hidrelétricas na região Amazônica - Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, e Belo Monte, no Rio Xingu - são garantia de abastecimento futuro. "Essas hidrelétricas estão tendo as obras antecipadas. O início da operação comercial de Santo Antônio será em dezembro de 2011 e Jirau vai ser antecipada em um ano. A tendência é de que Belo Monte adiante também e antecipe a geração."

Para Tolmasquim, a expansão em 2010 não pode ser creditada apenas à comparação sobre 2009, que teve reflexos da crise econômica mundial, mas também à aceleração do crescimento econômico do país e ao maior número de brasileiros que passam a fazer parte do sistema, por meio do Luz para Todos, que até abril incorporou ao sistema 2,4 milhões de famílias.

"O país está num período de crescimento robusto da indústria e de aumento de renda da população, o que gera aumento do consumo. O número de ligações também aumentou muito. Havia no país um contingente grande da população que não tinha energia elétrica e o Luz para Todos permitiu ligar essas pessoas à rede." (Com Agência Brasil, do Rio)