Título: Condenação pouco afeta chances de Garotinho se eleger à Câmara
Autor: Moura, Paola de
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2010, Política, p. A6

do Rio

No Rio, as condenações do ex-governador Anthony Garotinho não devem prejudicar sua eleição a deputado federal pelo PR dizem especialistas. Isto porque, nas últimas pesquisas, quando ainda era candidato a governador, Garotinho tinha 20% do eleitorado. Se chegar a reta final com metade deste percentual terá quase um milhão de votos, já que no Rio são 11,5 milhões de eleitores.

O cientista político da UFRJ, Charles Pessanha, afirma que um ex-prefeito sempre tem votos suficientes para se eleger a deputado federal. "Imagina um ex-governador. É só olharmos as pesquisas quando ele ainda era candidato", conclui.

O professor da UFRJ acredita sim que a condenação vá reduzir de alguma forma os votos do ex-governador, mas não num número suficiente para que ele perca a eleição. "Claro, precisa ver como essa nova condenação será utilizada na campanha. Se durará até o dia da eleição pode ter efeito maior", pondera.

Cientista política da PUC-RJ, Ricardo Ismael, concorda com a opinião de Pessanha, de que se a notícia se sustentar até a eleição, o prejuízo será maior. "Garotinho não tem coligação, por isso, precisará de uma votação alta para se eleger". Ismael calcula que serão necessários pelo menos 180 mil votos para quem não tem legenda forte, já que há 928 candidatos no Estado a 46 vagas.

Porém, o ex-governador, segundo Ismael, tem uma base muito forte nas regiões Norte e Noroeste do Estado, onde também já governou a cidade de Campos, assim como sua mulher, Rosinha Garotinho, afastada do cargo por uma condenação do TRE. No entanto, quem governa hoje a cidade, é o irmão do ex-governador, o presidente da Câmara de Vereadores, Nelson Nahim. "Talvez, ele seja mais prejudicado na capital, mas no interior, manterá seu reduto eleitoral", afirma Ismael.

O ex-governador foi condenado, na terça-feira, pela 4ª Vara Federal do Rio por crimes de formação de quadrilha, corrupção e lavagem de bens. A pena é de dois anos e meio de prisão que podem ser substituídos por trabalhos à comunidade. Ele já havia sido condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) por abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Garotinho recorre de todas as decisões.