Título: Contraponto aos tucanos
Autor: Caprioli, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 14/07/2010, Política, p. 2

Dilma evita defender as bandeiras da agricultura familiar, mas afirma que Serra é contra o Ministério do Desenvolvimento Agrário

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, evitou comprometer-se com bandeiras da agricultura familiar em evento na Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Contag). Apesar de receber o apoio dos pequenos produtores, a petista passou longe de defender a limitação do tamanho das propriedades rurais ou apoiar a revisão dos índices de produtividade. Com um discurso bastante focado na plateia de pequenos agricultores sindicalizados, Dilma prometeu duplicar o número de atendidos pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que hoje atende 2 milhões de pessoas. A promessa serviu para a petista contrapor-se ao candidato do PSDB, José Serra, que, em evento promovido pela Confederação Nacional da Agricultura, saiu como o representante das bandeiras do agronegócio.

Aplaudida pelos pequenos produtores, Dilma atacou Serra dizendo ser contra a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário. ¿O meu adversário quer acabar com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o que é um absurdo¿, disse. Nem por isso fez um discurso favorável ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Muito pelo contrário. Buscou minimizar a relevância do MST na luta pela reforma agrária. ¿Nós vamos fazer a reforma agrária não porque o MST quer a reforma agrária. Nós vamos fazer porque é bom para o Brasil¿, disse. ¿Não tem só com terra e sem-terra. Tem com e sem título, tem quilombolas, tem população indígena e pescadores também sem-terra¿, acrescentou a candidata do PT.

O evento contou com a participação do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, que apesar de discursar como o titular da pasta, fez questão de dizer que estava em horário de almoço. ¿Quero avisar à imprensa que estou em meu horário de almoço e posso fazer campanha¿, disse ao fazer o discurso por volta do meio-dia e meio. Ele, no entanto, chegou à sede da Contag cerca de uma hora antes de usar a palavra e teve o amparo de assessores do ministério. A deputada Dalva Figueiredo (PT-AP) compareceu ao evento também ao lado de servidores. A legislação eleitoral não impede a participação de ministros e parlamentares em atos eleitorais. Permite, desde que seja fora do horário de trabalho e sem o uso da máquina estatal, como assessores, carros oficiais e seguranças.

Multa de R$ 6 mil por propaganda A ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Nancy Andrighi multou em R$ 6 mil a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. A punição aplicada ontem atende a uma ação do Ministério Público Eleitoral (MPE), que acusa a petista de ter feito propaganda antecipada durante inserções veiculadas pelo PT no Rio Grande do Sul, no fim de maio. Desde que foi escolhida pelo partido para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma levou quatro multas, que totalizam R$ 21 mil. O PT anunciou que vai recorrer da decisão.

O número 10 minutos Tempo diário que o TSE poderá requisitar a partir de 31 de julho das emissoras de rádio e TV para divulgação de boletins e comunicados

Apoio de prefeitos

Alana Rizzo Tiago Pariz

Prefeitos da base aliada do governo apresentaram ontem à candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, a proposta de criação de um movimento suprapartidário para fortalecer a campanha nos municípios. A ideia é evitar dissidências e ainda atrair chefes do Executivo ligados aos partidos da oposição.

¿Estamos fortalecendo a base aliada e trabalhando também com os prefeitos que não são para seguir garantindo a vitória¿, disse o vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho (PT), que participou da cerimônia de inauguração do comitê da candidata. Durante a tarde, os prefeitos reuniram-se com os coordenadores do PT, que deram o aval para o projeto. Nos próximos dias, uma série de encontros nos estados deve ser agendada.

A estratégia, segundo Carvalho, é articular ações da ex-ministra Dilma com atividades nos municípios. ¿É apresentar a candidatura da Dilma¿, resume. Em Minas Gerais, o grupo estima que mais de 500 dos 853 prefeitos participarão do movimento. A primeira reunião do grupo no estado foi ontem pela manhã e contou com cerca de 40 prefeitos dos mais diversos partidos. O movimento chamado de Dilmasia, em que os votos são distribuídos para o governador Antonio Anastasia (PSDB), apoiado pelo ex-governador Aécio Neves, e a ministra Dilma, candidata de presidente Luiz Inacio Lula da Silva.