Título: País é prioridade para governo e companhias do Brasil
Autor: Marcos de Moura e Souza
Fonte: Valor Econômico, 03/09/2010, Internacional, p. A16

de Brasília

Uma missão diplomática brasileira passou a semana no México para para discutir a aproximação comercial entre os dois países. O encontro, que se segue a discussões realizadas em junho, em Brasília, termina hoje e serviu para troca de informações em preparação para futuras negociações de um acordo de livre comércio.

"Ainda não estamos prontos para negociar o acordo de livre comércio, mas, quando estivermos, teremos muito mais conhecimento sobre a situação dos dois países", disse ao Valor um dos principais integrantes da missão, o diretor do departamento de Aladi e Integração Econômica no Itamaraty, Paulo França. A missão, abrigada em um acordo "estratégico de integração econômica" firmado entre os presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Felipe Calderón, discutiu principalmente temas de investimentos e serviços, e tem integrantes do Itamaraty, dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A presença das autoridades brasileiras no México demonstra que o mais a onda de violência do México não afetou substancialmente o interesse do governo e do setor privado brasileiros em ampliar as ligações comerciais e de investimentos com o México. O acordo de livre comércio, defendido por Calderón em sua visita ao Brasil, é considerado prioridade pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), mas enfrenta resistência de empresas mexicanas, especialmente as do setor de alimentos, que temem a competitividade dos concorrentes brasileiros.

"Os empresários brasileiros não se sentem desencorajados pela violência urbana", diz a gerente-executiva de Negociações Internacionais da CNI, Soraya Rosar. Ela não vê mudanças na disposição dos empresários brasileiros em ampliar negócios com o México. Ainda em setembro, uma missão de empresários mexicanos virá ao Brasil, para discutir oportunidades de comércio e investimento.

A violência preocupa, porém, alguns empresários com negócios na região, entre eles o diretor-titular do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti, cuja empresa, a Ethanol Trading, tem negócios com firmas mexicanas interessadas em projetos de etanol combustível no país.

Os negócios envolvem exportações de maquinas no valor de US$ 60 milhões, e não há sinal de que possam ser revistos devido à violência no México. Mas o temor de incidentes é crescente, diz Gianetti. "Quando mando funcionários para lá, fico sempre preocupado, há muita insegurança nas estradas", comenta ele.