Título: Peso dos empréstimos varia entre as companhias
Autor: Bittencourt, Angela
Fonte: Valor Econômico, 08/09/2010, Brasil, p. A4

O peso dos empréstimos do BNDES no investimento produtivo varia muito de acordo com a empresa, mas os exemplos da Petrobras e da Vale deixam claro que em 2009 houve aumento da parcela financiada com recursos do banco. Os números do primeiro semestre de 2010, por sua vez, sugerem que poderá haver um recuo da participação do dinheiro do BNDES no total investido.

Um caso bastante eloquente é o da Petrobras. Segundo informações da empresa, em 2008, a empresa investiu R$ 53,340 bilhões, dos quais apenas 2,5% dos recursos - R$ 1,333 bilhão - vieram do BNDES. No ano seguinte, os investimentos da Petrobras subiram para R$ 70,577 bilhões, com a parcela do BNDES saltando para 38% - o equivalente a R$ 26,8 bilhões. Para este ano, a empresa planeja inversões de R$ 88,5 bilhões.

Segundo levantamento do Valor no site do BNDES, as contratações da Petrobras com o banco somaram R$ 691,7 milhões no primeiro semestre. A empresa não diz se voltará a recorrer ao banco este ano. Questionada sobre os motivos do menor volume contratado com o BNDES neste ano, a estatal informou que, com o crescimento da companhia e dos negócios, "tem se empenhado em explorar todas as oportunidades de financiamento oferecidas pelo mercado financeiro nacional e internacional", buscando "fechar financiamentos de longo prazo, com taxas e condições atraentes."

A Vale investiu um total de US$ 10,191 bilhões em 2008, ano em que os desembolsos do BNDES para a empresa somaram R$ 780 milhões. Esse valor equivale a 4,2% do total investido pela Vale se convertido em reais ao câmbio médio de R$ 1,83, equivalente a R$ 18,650 bilhões. Em 2009, o banco desembolsou R$ 1,5 bilhão para a Vale, que investiu US$ 9,013 bilhões. A parcela do BNDES equivale a 8,3% do valor total dos investimentos da Vale convertidos em reais, de R$ 18,026 bilhões, com base no dólar médio do ano passado, de R$ 2.

Neste ano, por enquanto, o banco desembolsou apenas R$ 45,6 milhões para a empresa, que pretende investir US$ 12,9 bilhões em 2010. "Os desembolsos que serão realizados nos contratos de empréstimo e financiamento com o BNDES dependerão da evolução dos projetos financiados pelo banco", informa a empresa, que tem uma linha de crédito com o banco de R$ 7,3 bilhões, dos quais R$ 1,8 bilhão foi sacado até o momento.

A maioria das empresas, porém, não detalha qual a fatia do investimento que é feita com recursos do BNDES. A América Latina Logística - ALL, que contratou R$ 3,155 bilhão em operação de financiamento no BNDES em 2009, vê a instituição como um parceiro importante por considerar o setor ferroviário estratégico para o crescimento do país, desempenhando papel fundamental na recuperação da malha ferroviária. "Desde a privatização, em 1997, a ALL investiu mais de R$ 6,7 bilhões e tem linha de investimento aprovada pelo BNDES de R$ 2,15 bilhões para financiar parte dos seus investimentos nos próximos quatro anos, acionados de acordo com as necessidades da empresa para viabilizar um crescimento de volume previsto de 10% a 12% no Brasil nos próximos cinco anos", informa a empresa. Este ano a ALL pretende investir R$ 1 bilhão, sendo R$ 700 milhões para o crescimento orgânico do negócio e R$ 300 milhões destinados ao prolongamento da ferrovia entre Alto Araguaia e Rondonópolis.

A TIM, que contratou financiamento de R$ 794 milhões em 2008 e tomou R$ 400 milhões em capital de giro no BNDES no ano passado, é parceira da instituição desde 2005, quando foi assinado um contrato de financiamento no valor de R$ 1,3 bilhão. Em 2008, a companhia assinou outro contrato de financiamento de R$ 1,51 bilhão e, até hoje, foram utilizados R$ 2,3 bilhões. (SL e AB)