Título: Empresário defende que papel da instituição seja mantido
Autor: Bittencourt, Angela
Fonte: Valor Econômico, 08/09/2010, Brasil, p. A4

O BNDES deve ser mantido como principal financiador dos investimentos de empresas no país, segundo avaliação de empresários e executivos ouvidos pelo Valor. No momento em que o governo discute a redução de tamanho do banco nos empréstimos e tem projeto de criar um mercado secundário de títulos privados na rede bancária de varejo, o empresariado prevê que o BNDES não perderá a liderança na concessão de crédito às empresas. "É difícil imaginar o BNDES sem a função de apoiar as demandas das empresas nacionais", disse Aldo Lorenzetti, presidente da fabricante da empresa que leva seu sobrenome.

Para Lorenzetti, a proposta do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de criar um mercado secundário de títulos privados para diminuir o peso do BNDES nos empréstimos às empresas no país, não deve vingar, mesmo com os incentivos propostos pelo governo. "Um banco privado não vai emprestar com juro de TJLP. Os bancos privados não são entidades de apoio", afirmou, durante a a premiação do Anuário "Valor 1000", realizada na semana passada. Lorenzetti é cético quanto às medidas propostas pelo governo para estimular o financiamento nos bancos comerciais, como a redução do Imposto de Renda e do depósito compulsório e defende que o banco deveria dar prioridade às empresas de capital nacional.

Para o presidente da Votorantim Cimentos, Walter Schalka, "o BNDES tem que ser indutor do investimento, não tem que ser competidor" dos bancos comerciais. Schalka concorda com a avaliação de que o banco de fomento deve parar de crescer. O executivo defende que o banco atue mais no aumento da presença das empresas nacionais fora do país. "O Luciano Coutinho fez um trabalho excepcional com a política anticíclica na crise. Agora, deveria aproveitar a desvalorização dos ativos no exterior para internacionalizar as empresas brasileiras", afirmou.

Para Maurício Vasconcellos, presidente do grupo CCR, na área de concessão de rodovias, o BNDES "é um parceiro do setor privado" e continuará a ser "protagonista do investimento brasileiro". O vice-presidente da empresa de papel e celulose Mili, Vanderlei Micheletto, não vê problemas em eventual mudança na política do BNDES. "Somos pequenos. Se houver mudança, não nos atrapalha. O Brasil está bombando com o crescimento da classe C", ponderou.