Título: Em 21 Estados, candidatos que lideram conseguem mais doações
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 08/09/2010, Política, p. A6
Quem está à frente nas pesquisas eleitorais recebe mais. É o que indica a segunda prestação de contas parcial dos candidatos ao governo do Estado e à Presidência, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em apenas seis Estados o segundo colocado nos levantamentos de intenção de voto recebeu mais recursos do que quem lidera a disputa.
A exemplo da eleição presidencial, na qual a campanha de Dilma Rousseff (PT) arrecadou R$ 21,5 milhões a mais do que o segundo colocado nas pesquisas, José Serra (PSDB), a maioria dos Estados repete esse quadro.
Em São Paulo, o candidato ao governo pelo PSDB, Geraldo Alckmin recebeu R$ 32, 3 milhões. O valor é a soma do que foi registrado na prestação de contas do candidato (R$ 15 milhões) e do comitê de campanha para governador (R$ 17,3 milhões). O montante recebido pela campanha estadual é superior ao da candidatura nacional, de José Serra, que arrecadou R$ 29,6 milhões, 55,8% do total previsto como teto dos gastos. Até o começo deste mês, Alckmin foi o candidato a governo estadual que mais arrecadou em todo o país. O principal rival do tucano na campanha, senador Aloizio Mercadante (PT) recebeu R$ 9 milhões, um salto em relação à primeira prestação de contas parcial de Mercadante, que registrou receita de R$ 966 mil. O caixa da campanha petista, no entanto, está no vermelho: as despesas já passam de R$ 14,8 milhões. A candidatura tucana tem superávit é de R$ 2 milhões. Na disputa pelo Senado no Estado, a situação é diferente. Em quinto lugar nas pesquisas eleitorais mais recentes, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) foi o candidato a senador que mais recebeu: foram R$ 4,8 milhões, entre doações registradas pelo candidato (R$ 968,7 mil) e pelo comitê para Senador do PSDB (R$ 3,8 milhões). A líder nos levantamentos eleitorais, ex-prefeita Marta Suplicy (PT), recebeu R$ 4,6 milhões até o começo do mês. Com a desistência de Orestes Quércia (PMDB) na disputa pelo Senado, Aloysio será o único candidato da chapa a senador e terá o dobro de tempo na televisão. A campanha de Quércia recebeu R$ 143 mil e gastou R$ 120 mil. Até ontem à noite, o pemedebista ainda era exibido na propaganda de televisão no horário eleitoral gratuito.
Nos Estados em que a disputa deve se resolver no primeiro turno, a diferença entre a receita da campanha do primeiro colocado nas pesquisas e do segundo é significativa. É o caso de Pernambuco, onde o governador e candidato à reeleição, Eduardo Campos (PSB), com 73% das intenções de voto, segundo o Ibope, já recebeu mais do que o dobro do que Jarbas Vasconcelos (PMDB), com 17%.
Também na campanha pela reeleição, Jaques Wagner (PT) recebeu desde o início da campanha eleitoral R$ 9,6 milhões e seu principal rival, Geddel Vieira Lima (PMDB), R$ 1,6 milhão. O petista está com 49% das intenções de voto, de acordo com pesquisa do Ibope, e o pemedebista, 18%.
No Rio de Janeiro a diferença entre as receitas é ainda maior. O governador e candidato à reeleição, Sérgio Cabral (PMDB), registrou mais de R$ 10,4 milhões de receita, ante 1,3 milhão de Fernando Gabeira (PV). Na pesquisa mais recente do Ibope, realizada entre 31 de agosto e 2 de setembro, Cabral aparece com 58% das intenções de voto e Gabeira, com 15%.
Há seis exceções: Amazonas, Amapá, Pará, Paraná, Santa Catarina e Tocantins. Entre elas, há um candidato que não declarou a receita: Raimundo Colombo (DEM), em Santa Catarina. Carlos Gaguim (PMDB), de Tocantins, declarou apenas receita do comitê único, que não permite ver o detalhamento da distribuição de recursos.
No Amazonas, o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR) recebeu cerca de R$ 2 milhões a mais que Omar Aziz (PMN). No Paraná, o caixa recheado da campanha de Osmar Dias (PDT) ainda não foi suficiente para reverter a desvantagem em relação ao tucano Beto Richa. Dias já recebeu R$ 13 milhões. O comitê estadual do PDT registra doações de R$ 11 milhões, mas não é possível identificar quanto foi para a campanha estadual e quanto foi distribuído entre os candidatos ao Senado, a deputado federal e estadual. Richa obteve R$ 8 milhões. O Ibope mostra o tucano com 50% das intenções de voto e o candidato do PDT com 34%.
A campanha pela reeleição de Ana Julia Carepa (PT) no Pará recebeu mais que o triplo do rival, Simão Jatene (PSDB), mas está 10 pontos percentuais atrás na disputa. No Amapá a disputa está acirrada e três candidatos têm intenção de votos semelhantes.