Título: Puxador de votos, Tuma é mantido em campanha
Autor: Grabois , Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 09/09/2010, Política, p. A10

Mesmo com a saúde debilitada, o senador Romeu Tuma (PTB) deve manter a sua candidatura à reeleição em São Paulo, segundo defende o comando estadual de seu partido. Tuma, com 78 anos de idade, está internado desde o dia 1º no Hospital Sírio-Libanês em decorrência de crises de diabetes e insuficiência renal e, segundo o PTB, pode ter alta ainda nesta semana.

O partido discute hoje novamente os rumos da candidatura diante do quadro delicado do senador. Dentro do partido, há poucas informações sobre a saúde do senador.

Uma parte da legenda advoga que Tuma, mesmo não sendo eleito, será um bom puxador de votos para fazer bancadas de deputados federais e estaduais. Há informações de que parte do partido teria pedido ao senador para que ele continuasse com a candidatura em prol da eleição dos deputados.

Outra ala do PTB trabalha com a possibilidade de Tuma renunciar e deixar a vaga para o primeiro suplente, Antonio Carbonari Netto, dono da Universidade Anhanguera, em São Paulo. O partido não pretende desistir da candidatura ao Senado. Há dúvidas, no entanto, quanto a possível questionamento da solução na Justiça Eleitoral.

A hipótese da retirada de Tuma da disputa já causou movimentações no PSDB, beneficiado nesta semana com a renúncia de Orestes Quércia (PMDB) da corrida pelo Senado por motivos de saúde. Quércia anunciou a retirada da candidatura e vai apoiar o candidato tucano ao Senado, Aloysio Nunes Ferreira. Um integrante do PSDB chegou a conversar na terça-feira com um dos filhos de Tuma, o candidato a deputado federal pelo PTB Robson Tuma, para tentar demover o senador da candidatura.

O PTB informou ontem que "em momento nenhum o PTB disse que Tuma estava fora da eleição" e que gostaria muito de ter o apoio do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, favorito nas pesquisas de intenção de voto. Em nota, a direção estadual reafirmou que "não vai paralisar" a campanha de Tuma e convocou os diretórios para fazer campanha para o senador.

O partido reforçou a campanha de Tuma na televisão. Nas inserções exibidas durante a programação da TV, o cantor popular Frank Aguiar, candidato a deputado federal pelo partido, pede votos ao senador. O cantor teve uma das mais altas votações na eleição de 2006, quando elegeu-se deputado federal e ajudou a alavancar a candidatura de Luiz Marinho (PT) à Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), em 2008.

A propaganda de Tuma exibe ainda imagens gravadas em eventos políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de Orestes Quércia (PMDB), de candidatos ao Senado como Marta Suplicy , Netinho, entre outros políticos, destacando pontos positivos de Tuma. Ao vincular a imagem do petebista a de outros candidatos ao Senado, o PTB trabalha para que o candidato receba o segundo voto dos eleitores paulistas.

Integrante da Executiva estadual, o vereador Paulo Frange disse que a candidatura de Tuma é garantida desde que o senador migrou do DEM para o PTB. "Tuma só não disputará se ele retirar a candidatura. Em nenhuma outra hipótese deixará de ser candidato", afirmou Frange.

O entendimento não é o mesmo do primeiro vice presidente do diretório, deputado federal Arnaldo Faria de Sá. "O partido não vai retirar a candidatura de Tuma, mas pessoalmente acho que se até o fim da semana ele não sair do hospital, deveria desistir. Complica a situação", disse o parlamentar.

Na corrida pela duas vagas ao Senado em São Paulo, lideram a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), com 32%, e o apresentador de TV e ex-pagodeiro Netinho de Paula (PCdoB), com 24%, segundo levantamento do Datafolha feito entre 23 e 24 de agosto, antes da saída de Quércia da disputa. Na pesquisa, Quércia aparecia em segundo lugar na preferência do eleitorado paulista, com 26% das intenções de voto. Tuma obteve 16%, enquanto Aloysio Nunes Ferreira tinha 9% das intenções de voto.

De acordo com a pesquisa do Datafolha, 24% dos eleitores ainda não sabem em quem votar na segunda vaga para o Senado e 14% não havia escolhido os candidatos para as duas vagas.