Título: Meirelles é cotado para infraestrutura
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Fonte: Valor Econômico, 09/09/2010, Especial, p. A14

Durante a campanha à Presidência, a candidata Dilma Rousseff (PT) tem conversado sobre economia com o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. São consultas sobre a situação atual e as perspectivas de médio e longo prazo no Brasil e no mundo. Há oito anos no cargo, Meirelles, segundo integrantes da campanha petista, considera sua missão no BC cumprida. Seu nome começa a ser cogitado para um ministério da área de infraestrutura.

Meirelles, de acordo com um ministro próximo de Dilma, não gostaria de permanecer no BC, embora não descarte essa possibilidade. Para o seu lugar, defende um nome da Casa - o atual diretor de Normas, Alexandre Tombini -, mas, em Brasília, já circula também o do economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros. Barros tem trânsito tanto junto a Meirelles quanto ao atual ministro da Fazenda, Guido Mantega. Agradaria igualmente ao mercado e ao governo.

Segundo um assessor de Dilma, o presidente do BC não cogita assumir o Ministério da Fazenda numa possível gestão Dilma. Para a Fazenda, diz a fonte, deve ir mesmo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Um participante ativo da campanha de Dilma assegura que Henrique Meirelles jamais conversou sobre ministério com a candidata do PT, mas informa que os dois se aproximaram muito quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu lançar o nome do presidente do BC para compor a chapa de Dilma como vice.

Quando, em março, abandonou a ideia de deixar o comando do BC para disputar um cargo eletivo, Meirelles cogitou sair da instituição. Em abril, no entanto, o banco foi obrigado a iniciar novo ciclo de aperto monetário e ele preferiu ficar. O plano era permanecer pelo menos até o fim do ajuste. Agora, um integrante da campanha petista admite a possibilidade de Dilma, se eleita, chamar Meirelles para tratar da transição e da formação do novo governo.

A área de infraestrutura, onde a economia brasileira exibe hoje as suas maiores carências, será prioritária num possível governo Dilma. No caso do setor de energia, por exemplo, avalia-se na campanha petista que a dimensão do Brasil, quando comparada à de outros Brics, como China e Índia, é a de grande produtor e não a de grande consumidor.

Na área mineral, o país já é o segundo maior produtor mundial e o primeiro em exportação. Em petróleo e gás, após as descobertas da camada pré-sal, o Brasil caminha para ser uma "potência" exportadora. Ainda de acordo com essa avaliação, o país já é uma potência em geração de energia hidrelétrica e um dos maiores produtores de biocombustível. Para explorar essas vantagens, o Ministério das Minas e Energia ganhará importância.

Na área de Transportes, o país sofre de carências em todas os setores. "Essa área foi esquartejada. Transporte terrestre (rodovias e ferrovias) está no Ministério dos Transportes, os portos estão no Palácio do Planalto e o transporte aéreo, na Defesa", lembra um aliado de Dilma. É possível que, se for eleita, a candidata petista reúna essas áreas em uma só. O nome de Meirelles, que é da cota do PMDB, já começa a ser cogitado tanto para Minas e Energia quanto para Transportes.