Título: Licitação e licenciamentos são entraves na Chesf
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2010, Brasil, p. A10
Nos dois leilões de transmissão realizados pelo governo federal neste ano, a Chesf chamou a atenção pela estratégia agressiva para vencer as disputas. Em junho, para levar a concessão de uma subestação na Bahia, afundou o preço em 51%. Não foi diferente no leilão realizado no início do mês, quando, sozinha, levou os três lotes dos 500 quilômetros de linhas que vão ligar os empreendimentos eólicos, também com deságio de 50%.
Alguns donos de usinas eólicas ficaram preocupados, porque neste ano a empresa tem levado multas recorrentes por atrasos na entrega de empreendimentos de transmissão. O Valor solicitou à Aneel um levantamento das multas aplicadas contra a empresa, mas até agora, três meses após o pedido, não teve retorno da agência.
Em consulta feita ao relatório de fiscalização da agência, que é um documento público, os números mostram que a Chesf é uma das mais problemáticas quando o assunto é atraso. A empresa tem o maior número de linhas de transmissão em atraso. São 14 ao total, que somam mais de mil quilômetros, além de projetos de recapacitação e reforços.
Muitos dos problemas são de licenciamento, como em outras empresas, mas em alguns projetos da companhia um dos principais motivos de atraso é a realização de constantes licitações para contratar fornecedores e empreiteiros para as obras.
Questionada sobre se os novos empreendimentos, obtidos nos últimos leilões com deságios agressivos, poderiam ter os cronogramas prejudicados - em função de possíveis novos problemas de licitação na contratação de fornecedores -, a empresa não se manifestou.
Uma recapacitação na linha Sapeaçu/Santo Antônio de Jesus, por exemplo, que prevê uma extensão de 29 quilômetros, está com o cronograma atrasado em 26 meses. O motivo que consta do relatório da Aneel é o "fracasso nas duas licitações para contratação da construção, devido a preços ofertados excessivos". Informa ainda o relatório que "foi realizada dispensa para contratação, que também resultou em novo fracasso". (JG)